segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Miguel Macedo & Cª






Miguel Macedo, um dos tipos mais horríveis deste governo, pediu a demissão, não de imediato, claro, mas garantidamente como uma estratégia ponderada de uma saída airosa, como se saídas airosas pudessem haver para políticos que buscam na repressão e no tráfico de influências suportes fulcrais da sua ação ministerial.
Tombou este e muitos mais ficarão para tombar, é certo, mas  espero que com este também tombem, do lugar bem alto que lhes arranjou, todos os amiguinhos de tantos gabinetes e sociedades que soubemos, cujas cumplicidades  se teciam no maior secretismo nacional e cujos silêncios se compravam, sem dúvida, a preços da mais alta corrupção que agora vamos desbastando e penosamente engolindo.
Corrupção e tráfico de influências, dos maiores males que mais minam as instituições do nosso Estado de Direito. 
Mas a PJ já está a destapá-los nas suas tocas douradas. Felizmente. Espero é que ninguém escape e que  nunca toupeiras como estas continuem a viver ostensivamente à nossa custa, sorrindo e cuspindo, cuspindo e sorrindo, sadicamente instalados no bem-bom que pela má Política, pelos maus governantes e pela inação de um povo vão alcançando.
Como noticiava a Lusa, ontem,  Miguel Macedo resistiu aos protestos dos polícias, há um ano, mas não resistiu ao escândalo dos vistos 'gold'.
País podre. País de corruptos. País com Justiça?
Assim o desejo, rapidamente e em nome de uma democracia transparente pela qual continuo a lutar e de uma Justiça que o seja para todos e por igual.
Quando lemos e sabemos de realidades como as que a revista Visão apresentou 6 de Junho deste ano, como ficamos? Como continuamos a ficar sabendo destes benefícios fiscais que se agigantaram e continuaram a avançar até nós, desta maneira?
Portugal, o eldorado fiscal para estrangeiros. Incrível! Vejam alguns exemplos aqui.
Já no dia 2 de Janeiro deste ano tinha ficado aparvalhada quando li nesta mesma revista que um visto dourado valera a um milionário chinês a compra de uma moradia na Quinta da Marinha mais três apartamentos de luxo no Estoril, pelo valor de 3,6 milhões de euros! Sim, quase 4 milhões de euros!
E situações destas, imaginamos, muitas delas semi-conhecidas, montes delas encobertas, outras tantas nem sonhadas, assim, a alimentar o monstro da corrupção que por dinheiro e para o dinheiro vive.
Num país tão pequeno e com tanta desta pequena gente, vai crescendo a pobreza, o desemprego, mas vai aumentando a corrupção e compadrio que nos mata lentamente, que nos envergonha e que nos indigna mas que ainda não nos revolta verdadeiramente como povo soberano que há muito somos mas que há muito parece que esquecemos.
País de esquemas, gente de esquemas. Esquemas sempre compensadores para gente que sempre se serviu do que não lhe pertence e que sempre serve a quem disto os possa sempre beneficiar, mais as suas famílias e afins.
Nestas circunstâncias, claro, Miguel Macedo demitiu-se. Só tinha que se demitir ou ser demitido. Mas não se veja nisto bom caráter ou dignidade porque, se a tivesse, jamais faria aquilo que fez e tudo o mais que afinal fatal se lhe mostrou. Aqui como em muitos casos que vamos conhecendo, não há inocentes nem inexperientes! Eles sabem o que fizeram. Sabem-no sempre, nós é que não.
Não tenham pena dele nem considerem o seu pedido de demissão uma atenuante caso esteja implicado, como parece que está.
Miguel Macedo & Cª é gente que sabe jogar, driblar e, como o povo diz, não dá ponto sem nó.
Tenham pena de vocês, portugueses como eu, de nós, da nossa democracia. 


Nazaré Oliveira