Segundo a
Rádio Renascença de hoje, a empresária angola Isabel dos Santos, a filha do Presidente
de Angola, José Eduardo dos Santos, do MPLA, anunciou o lançamento de uma oferta
pública geral e voluntária sobre a Portugal Telecom (PT) SGPS, oferecendo 1,35
euros por acção.
Neste
artigo da RR, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários (CMVM), a “Terra Peregrin”, empresa de Isabel dos Santos, fez
o anúncio preliminar de lançamento da OPA."
A
contrapartida oferecida, a pagar em numerário, é de 1,35 euros por acção",
e esta contrapartida representa um prémio de cerca de 11%, uma vez que na
sexta-feira a PT encerrou o dia a desvalorizar 2,64% para os 1,217 euros por
acção.
"É
entendimento da oferente que a contrapartida se encontra devidamente
justificada e é equitativa, tendo em conta a instabilidade e volatilidades
acentuadas verificadas no preço de mercado das ações nos seis meses
anteriores", considera a Terra Peregrin.
Para que a OPA seja considerada bem-sucedida,
a empresa de Isabel dos Santos terá de adquirir pelo menos 50,01% das ações
e dos direitos de voto correspondentes ao capital social da PT SGPS.
É mesmo verdade e, perante mais esta entrada
triunfal de Isabel dos Santos na nossa economia, apetece-me dizer que o neocolonialismo,
afinal, não acabou. Pelo contrário, está cada vez mais à vista e made in
Angola!
Incrível as
voltas que a História do colonialismo português tem dado!
Agora,
instalado e bem no poder, José Eduardo dos Santos já está de bem com o
colonialismo e com os novos colonialistas!Claro, ele e
a sua família mais os influentes do seu partido e afins, num despudorado centralismo
democrático a persistir nestes tempos de caos e de promiscuidade na política
angolana, corrupta, inaceitável, lá como cá.
Que pouca
vergonha! Membros do governo de Angola e madame Isabel dos Santos, tenham
vergonha! Olhem para o vosso povo, e não só o de Luanda cujas mazelas já não se
conseguem esconder, nem de turistas nem da imprensa estrangeira.
Mazelas e
injustiças provocadas pela vossa ganância, a vossa cegueira pelo vil metal, pelo
luxo, pelo vosso apetite voraz pela riqueza, ostentação, luxúria, despesismo
imoral e criminoso em cenários de pobreza e desigualdade social que tanto se
combateu no colonialismo mas que aos vossos olhos, agora, invisíveis se tornam.
Quando o
povo e a sua pobreza não são a prioridade de um governo, quando o povo e a sua
pobreza são um empecilho para o enriquecimento dos seus governantes, meus
senhores, estamos perante a mais requintada e mais cruel das ditaduras: a da arrogância
mas, também, a da indiferença.
Olhem pelos velhos, crianças,
mulheres, jovens, cujo futuro continuais a não querer que aconteça, comprometendo-o
numa visão e conceção de estado claramente colonialista, aquela visão e aquele estado
que combatestes para, afinal, do modelo vos apropriardes, traindo o vosso povo, a
vossa História e os verdadeiros combatentes de Angola que durante a guerra colonial
e contra o Estado Novo, sempre acreditaram que os colonistas eram os
portugueses de Salazar e não vocês, perversamente à espera de uma República
Popular de Angola que mais não é, agora, do que a Angola do MPLA, da oligarquia
do MPLA, ao serviço do capitalismo que tanto dizíeis combater mas do qual
jamais vos afastastes, pelo contrário.
Pós independência de Portugal (e ainda bem que isso aconteceu
porque isso sempre defendi) a democracia em Angola era uma esperança cada vez
mais próxima de concretização, quer para angolanos quer para portugueses como eu.E agora? Que é feito dessa esperança? Quem a tira quem a rouba quem a esconde quem a mata?
O povo não é, seguramente.
Que revoltante
ver o beija-mão do governo português a Isabel dos Santos!
E nós a assistir!
Nazaré Oliveira