segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A República Popular de Angola é isto?



 



 
Segundo a Rádio Renascença de hoje, a empresária angola Isabel dos Santos, a filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, do MPLA, anunciou o lançamento de uma oferta pública geral e voluntária sobre a Portugal Telecom (PT) SGPS, oferecendo 1,35 euros por acção.
 Neste artigo da RR, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a “Terra Peregrin”,  empresa de Isabel dos Santos, fez o anúncio preliminar de lançamento da OPA."
A contrapartida oferecida, a pagar em numerário, é de 1,35 euros por acção", e esta contrapartida representa um prémio de cerca de 11%, uma vez que na sexta-feira a PT encerrou o dia a desvalorizar 2,64% para os 1,217 euros por acção.
 "É entendimento da oferente que a contrapartida se encontra devidamente justificada e é equitativa, tendo em conta a instabilidade e volatilidades acentuadas verificadas no preço de mercado das ações nos seis meses anteriores", considera a Terra Peregrin.
 Para que a OPA seja considerada bem-sucedida, a empresa de Isabel dos Santos terá de adquirir pelo menos 50,01% das ações e dos direitos de voto correspondentes ao capital social da PT SGPS.
 É mesmo verdade e, perante mais esta entrada triunfal de Isabel dos Santos na nossa economia, apetece-me dizer que o neocolonialismo, afinal, não acabou. Pelo contrário, está cada vez mais à vista e made in Angola!
Incrível as voltas que a História do colonialismo português tem dado!

Agora, instalado e bem no poder, José Eduardo dos Santos já está de bem com o colonialismo e com os novos colonialistas!Claro, ele e a sua família mais os influentes do seu partido e afins, num despudorado centralismo democrático a persistir nestes tempos de caos e de promiscuidade na política angolana, corrupta, inaceitável, lá como  cá.

Que pouca vergonha! Membros do governo de Angola e madame Isabel dos Santos, tenham vergonha! Olhem para o vosso povo, e não só o de Luanda cujas mazelas já não se conseguem esconder, nem de turistas nem da imprensa estrangeira.

Mazelas e injustiças provocadas pela vossa ganância, a vossa cegueira pelo vil metal, pelo luxo, pelo vosso apetite voraz pela riqueza, ostentação, luxúria, despesismo imoral e criminoso em cenários de pobreza e desigualdade social que tanto se combateu no colonialismo mas que aos vossos olhos, agora, invisíveis se tornam.

Quando o povo e a sua pobreza não são a prioridade de um governo, quando o povo e a sua pobreza são um empecilho para o enriquecimento dos seus governantes, meus senhores, estamos perante a mais requintada e mais cruel das ditaduras: a da arrogância mas, também, a da indiferença. 

Olhem pelos velhos, crianças, mulheres, jovens, cujo futuro continuais a não querer que aconteça, comprometendo-o numa visão e conceção de estado claramente colonialista, aquela visão e aquele estado que combatestes para, afinal, do modelo vos apropriardes, traindo o vosso povo, a vossa História e os verdadeiros combatentes de Angola que durante a guerra colonial e contra o Estado Novo, sempre acreditaram que os colonistas eram os portugueses de Salazar e não vocês, perversamente à espera de uma República Popular de Angola que mais não é, agora, do que a Angola do MPLA, da oligarquia do MPLA, ao serviço do capitalismo que tanto dizíeis combater mas do qual jamais vos afastastes, pelo contrário.

Pós independência de Portugal (e ainda bem que isso aconteceu porque isso sempre defendi) a democracia em Angola era uma esperança cada vez mais próxima de concretização, quer para angolanos quer para portugueses como eu.E agora? Que é feito dessa esperança? Quem a  tira quem a rouba quem a esconde quem a mata? O povo não é, seguramente. 

Que revoltante ver o beija-mão do governo português a Isabel dos Santos!

E nós a assistir!



Nazaré Oliveira