Não me surpreende, infelizmente, mas segundo uma notícia da RR de hoje, as crianças foram as mais afetadas pelo
aumento da pobreza ou exclusão social.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta
quinta-feira referem que em 2013 mais de
¼ dos portugueses vivia em privação material, isto é, muito muito pobre, e
que, em relação às crianças, a
intensidade da pobreza para este grupo aumentou 6,2 pontos percentuais em 2012
face ao ano anterior.
Se considerarmos que um agregado está em privação material quando não tem
acesso a pelo menos três itens de uma lista de nove relacionados com
necessidades económicas e bens duráveis, a saber, atrasos no pagamento de
rendas, empréstimos ou despesas correntes da casa, não conseguir comer uma
refeição de carne e peixe de dois em dois dias, não ter carro, televisão ou
máquina de lavar roupa ou não conseguir fazer face ao pagamento de uma despesa
inesperada, entre outros, é simplesmente aterrador pensar como estamos e como
vamos continuar a estar.
Os resultados definitivos do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento
realizado em 2013, sobre rendimentos de 2012, referem que a população infantil
apresenta, desde 2010, riscos de pobreza ou exclusão social superiores aos da
população em geral.
Os dados divulgados neste dia por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza (17 de Outubro), mostram que as crianças foram as mais afetadas pelo aumento da pobreza ou exclusão social (mais 3,8 pontos percentuais entre 2012 e 2013).
De acordo com este inquérito, 18,7% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2012, o valor mais elevado no período iniciado em 2009 (entre 2009 e 2011 o risco de pobreza afetava, em média, cerca de 17,9% da população residente).
Até quando esta realidade cada vez mais medonha e mais trágica para os
pobres?
Até quando esta política de austeridade cruel e desumana, implacável para
com os que sempre viveram à espera de melhores dias?
Até quando este fosso cada vez mais cavado entre ricos e pobres?
Portugal está muito
orgulhoso de ter conseguido uma 'saída limpa' do programa de resgate. É uma
'saída limpa' de um ponto de vista económico e financeiro mas é uma saída
muito dolorosa para muita gente, disse Salil Shetty, da Amnistia Internacional, em entrevista à
agência Lusa.
Triste sina, a nossa, com
políticos e políticas fascizantes a minar o que de bom Abril nos deu, ao
serviço das elites financeiras que bajulam, a troco de pequenos poderes e de uma
fama que lhes arde nas veias, enquanto a nós, nos revolve as entranhas e nos fere
e nos mata.
A dor escorre pelas
gargantas secas de um povo que mal grita. E a esperança, resistirá?
Nazaré Oliveira