segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Reguengos de Monsaraz, terra de morte




 No dia 12 deste mês, a LUSA noticiava que a Inspeção-geral das Atividades Culturais (IGAC) tinha concedido pela primeira vez autorização excecional para um espetáculo com touro de morte, na vila medieval de Monsaraz, no Alentejo.
A autorização excecional por parte da IGAC «surge na sequência de duas decisões em tribunal que já tinham transitado em julgado», conforme declaração do presidente daquela câmara.
Decisões em tribunal… Autorizações especiais da Inspeção geral das atividades culturais… VERGONHOSO! Tanto que há para fazer nos tribunais, tanto que há para inspecionar culturalmente neste país e anda esta canalhada a apoiar espetáculos de morte e a promove-los!
VERGONHOSO o trajeto cultural que este pequenino país vai trilhando, para um retrocesso cada vez mais acelerado que nos distanciará irremediavelmente dos grandes valores humanistas e das boas práticas morais e cívicas pelas quais a harmonização da sociedade inevitavelmente deveria passar.
Mas o mais odioso e mais intragável é saber que há gentinha que ADORA e TEM PRAZER com este espetáculo sádico e de morte! Morte de inocentes!
Num cada vez mais apregoado estado de direito, pelos nossos deputados ou pessoas com responsabilidades políticas e sociais, é nojento e abominável o caráter  de exceção que dão a tantas leis e criminosa a ligeireza com que as promulgam e deixam (mandam) cumprir. Como esta.Como a de Barrancos.
E continuará o descalabro, neste e noutros aspetos, enquanto não tomarem o poder forças políticas verdadeiramente interessadas no progresso do país, não só económico mas também moral, cívico e cultural.
Não baixemos os braços. 
A mudança partirá sempre de cada um de nós e da força das nossas convicções.
Miserável gente, esta, instalada nos poderes que corrompe ou que se deixa comprar e vender a troco de sangue, dor e miséria cultural, como são este e outros espetáculos com animais. 
Miserável e perigosa. Demoníaca.
Pobre gente, aquela que isto consente a troco de uma paz cinzenta, conscientemente instalada na inércia dos seus dias, ferindo fatalmente uma cultura de paz entre todos os seres, aqui como no resto do mundo.
E que Igreja esta, a igreja colaboracionista de má memória! A Igreja do terror!


Nazaré Oliveira 

*foto do Jornal Digital 12.9.14