Continua o
descalabro financeiro, social, político e, como vemos, também cultural e moral!
VERGONHOSO!
Acabada de ler a notícia que nos dá conta que
Miguel
Relvas vai assumir o cargo de Alto-comissário da Casa Olímpica da Língua
Portuguesa, criada no Brasil, fica-me a revolta, a revolta e o vómito que a
falta de vergonha e a falta de Ética e de Moral deste governo me causam.
Colocar um homem que
provocou o que nós tão bem sabemos e pelas razões que tão bem soubemos, neste
lugar, para estas funções, é insultar os portugueses, a sua cultura, a Língua
Portuguesa e até a nossa História, uma vez que, tal como se atreveram a dizer, “a
ideia deste projecto é tornar a língua portuguesa uma das línguas de trabalho
do Comité Olímpico Internacional que vigorará até ao final dos Jogos Olímpicos
de 2016”. Vergonhoso!
Já não chegavam os
casos de corrupção passiva e ativa que nos chegam e a morosidade cúmplice da
Justiça cega, surda e muda que redige e aprova leis ao ritmo dos interesses
corporativos e político-partidários, designadamente os atuais interesses
eleitoralistas autárquicos, com tristes mas célebres candidatos cujo apego à
cadeira do poder os leva a concorrer até a outras câmaras do país, ou até os
que, vergonhosa e para sempre cadastrados como nocivos e potencialmente perigosos
para a gestão do bem comum sorriem para as fotos de jornais e câmaras de TV, impunemente,
branqueando a sua imagem continuamente apadrinhada pelo resistente e
multifacetado caciquismo tradicional, como se nós é que fossemos (e muitos de
nós são!) uma cambada de bananas que tudo aceita e a nada ou quase nada se opõe!
Mas a oposição, a demonstração
da nossa oposição, deve ser rápida, firme, inequívoca.
Não pactuar com
este tipo de situações, enfrentá-las e condená-las na rua, em manifestações, em
ações de protesto, nas redes sociais, num artigo que se escreve, num comentário
que se faz a uma notícia, num “like” ou “deslike”, num partilhar apressado que
alerte consciências ou as crie, desesperadamente à procura de um caminho que
não faça ruir de vez a democracia nem as conquistas de Abril ameaçadas.
Não sejamos
cúmplices da desgraça muito menos da pouca-vergonha, venha ela de onde vier ou
em que termos vier, mesmo que, como é o caso, se chegue ao cúmulo de se afirmar
que "Como condições prévias, exijo fazê-lo a título não oneroso (…)”!
Ao ponto que se
chega! Ao ponto que estamos a deixar que esta gente chegue!
Este indivíduo,
que envergonhou o nosso país pelas razões que sabemos, que fez o que fez e como
o fez, continua a envergonhar-nos e é publicitado, agora, no âmbito cultural e
até cívico!
Vai divulgar a
cultura dos países de língua portuguesa "promovendo para isso eventos
culturais, encontros, exposições, seminários, palestras, fóruns, mostras,
colóquios, vivências, festas e celebrações", reforçando o papel destes
países no quadro das relações desportivas internacionais e do olimpismo em
geral? Ele? Com que Moral? Porquê ele? Quem o promoveu, outra vez, ao arrepio
das mais elementares regras da decência e da transparência?
É por causa
de gente como esta, de atores e farsantes como este e de toda a comandita parasitária
que os apoia e deles benefícios e mordomias recolhe, de governos como este e de
políticos e instituições que os apadrinham, que cada vez mais pessoas se
afastam da Política e desacreditam, até, os bons políticos que, felizmente, ainda
vai havendo!
Felizmente,
apesar da dura batalha que travamos para defender a democracia ameaçada, quer
pela boçalidade e perigosidade dos cada vez mais ricos quer pela arrogância e mediocridade
dos cada vez mais estúpidos.
Nazaré Oliveira