sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pouca vergonha (versão Miguel Relvas)

 
 



Continua o descalabro financeiro, social, político e, como vemos, também cultural e moral! VERGONHOSO!

Acabada de ler a notícia que nos dá conta que Miguel Relvas vai assumir o cargo de Alto-comissário da Casa Olímpica da Língua Portuguesa, criada no Brasil, fica-me a revolta, a revolta e o vómito que a falta de vergonha e a falta de Ética e de Moral deste governo me causam.

Colocar um homem que provocou o que nós tão bem sabemos e pelas razões que tão bem soubemos, neste lugar, para estas funções, é insultar os portugueses, a sua cultura, a Língua Portuguesa e até a nossa História, uma vez que, tal como se atreveram a dizer, “a ideia deste projecto é tornar a língua portuguesa uma das línguas de trabalho do Comité Olímpico Internacional que vigorará até ao final dos Jogos Olímpicos de 2016”. Vergonhoso!

Já não chegavam os casos de corrupção passiva e ativa que nos chegam e a morosidade cúmplice da Justiça cega, surda e muda que redige e aprova leis ao ritmo dos interesses corporativos e político-partidários, designadamente os atuais interesses eleitoralistas autárquicos, com tristes mas célebres candidatos cujo apego à cadeira do poder os leva a concorrer até a outras câmaras do país, ou até os que, vergonhosa e para sempre cadastrados como nocivos e potencialmente perigosos para a gestão do bem comum sorriem para as fotos de jornais e câmaras de TV, impunemente, branqueando a sua imagem continuamente apadrinhada pelo resistente e multifacetado caciquismo tradicional, como se nós é que fossemos (e muitos de nós são!) uma cambada de bananas que tudo aceita e a nada ou quase nada se opõe!

Mas a oposição, a demonstração da nossa oposição, deve ser rápida, firme, inequívoca.

Não pactuar com este tipo de situações, enfrentá-las e condená-las na rua, em manifestações, em ações de protesto, nas redes sociais, num artigo que se escreve, num comentário que se faz a uma notícia, num “like” ou “deslike”, num partilhar apressado que alerte consciências ou as crie, desesperadamente à procura de um caminho que não faça ruir de vez a democracia nem as conquistas de Abril ameaçadas.

Não sejamos cúmplices da desgraça muito menos da pouca-vergonha, venha ela de onde vier ou em que termos vier, mesmo que, como é o caso, se chegue ao cúmulo de se afirmar que "Como condições prévias, exijo fazê-lo a título não oneroso (…)”!

Ao ponto que se chega! Ao ponto que estamos a deixar que esta gente chegue!

Este indivíduo, que envergonhou o nosso país pelas razões que sabemos, que fez o que fez e como o fez, continua a envergonhar-nos e é publicitado, agora, no âmbito cultural e até cívico!

Vai divulgar a cultura dos países de língua portuguesa "promovendo para isso eventos culturais, encontros, exposições, seminários, palestras, fóruns, mostras, colóquios, vivências, festas e celebrações", reforçando o papel destes países no quadro das relações desportivas internacionais e do olimpismo em geral? Ele? Com que Moral? Porquê ele? Quem o promoveu, outra vez, ao arrepio das mais elementares regras da decência e da transparência?

É por causa de gente como esta, de atores e farsantes como este e de toda a comandita parasitária que os apoia e deles benefícios e mordomias recolhe, de governos como este e de políticos e instituições que os apadrinham, que cada vez mais pessoas se afastam da Política e desacreditam, até, os bons políticos que, felizmente, ainda vai havendo!

Felizmente, apesar da dura batalha que travamos para defender a democracia ameaçada, quer pela boçalidade e perigosidade dos cada vez mais ricos quer pela arrogância e mediocridade dos cada vez mais estúpidos.
 
 
Nazaré Oliveira