A avaliação de um professor deve ter
em conta a evolução dos resultados alcançados pelos seus alunos, a forma como
se empenhou, demonstrativa do seu nível de conhecimentos científicos mas,
sobretudo, a orientação pedagógica que adotou para organizar o processo de ensino-aprendizagem
com vista ao sucesso dos seus alunos.
Nem sempre vemos isto, claro, espartilhados
que estão os professores por uma dinâmica avaliativa muito agarrada ao
tradicional, relegando para segundo plano ou nem sequer utilizando práticas
pedagógicas muito mais ativas e desejáveis que, em muitos casos, seguramente, conduziriam
a um menor abandono escolar e a uma maior valorização do estudo, sobretudo em
áreas disciplinares habitualmente mais teóricas.
No entanto, para que tal
aconteça, e porque a escolaridade é obrigatória, as escolas, os grupos
disciplinares, deviam fomentar cada vez mais a diversidade de atividades
formativas que criatividade exigirão na sua conceção, pois será
fundamentalmente do professor da disciplina que partirão as propostas de
trabalho mais adequadas aos alunos e turmas que delas mais careçam e/ou aos conteúdos
mais problemáticos.
Veja-se o caso, por
exemplo, de certos professores, que nada mais fazem ou têm feito para além dos
testes habituais, mesmo sabendo que deles têm resultado más
classificações e até a desmotivação dos alunos e a desistência à sua
disciplina!
Um trabalho cooperativo
temático (trabalho de grupo, trabalho a pares), um relatório de um filme, de
uma visita de estudo, da ida a uma exposição, conferência, desde que bem
concebidos pelo professor, são muitas vezes mais interessantes para o aluno e
ao mesmo tempo igualmente evidenciadores para o professor do conhecimento,
sensibilidade e perspetiva crítica do mesmo, sem que daí se exclua, claro, a
importância e relevância dos testes escritos, até porque nas atividades acima
referidas também estarão presentes itens que permitirão avaliar os alunos na
sua capacidade de interpretação e de análise crítica, bem como, na forma como se
exprimem, quer ao nível da escrita quer na oralidade, dado que todos esses
trabalhos, para mim, devem incluir obrigatoriamente essas duas vertentes.
Mas estas metodologias são
tão ou mais difíceis de criar do que as tradicionais, exigindo do professor uma
forte capacidade de adaptação dos conteúdos às mesmas mas delas retirando,
seguramente, e com a mesma exigência avaliativa, melhores resultados e alunos
com maior autoestima.Afinal, queremos manter o aluno na escola, sim, mas queremos instruí-lo, ensiná-lo e não só obrigá-lo a cumprir, à força, com as implicações que todos nós conhecemos de uma escolaridade obrigatória que em muitos casos se arrasta por longos anos, traduzida por resmas e resmas de papel e reuniões estéreis, nas quais se discute sempre o mesmo, se preenchem planos de recuperação ou de apoio ou de outra coisa qualquer, esquecendo-se sempre que o aluno tem de ser motivado para as aprendizagens através de estratégias mais adequadas que, claro, com turmas de 30 alunos jamais frutificarão em pleno!
Daí a importância das estratégias a implementar desde o início, sem esquecer, claro, a responsabilidade do encarregado de educação neste processo e que ao longo dos anos demasiado protegido tem sido por branda legislação.
Este trabalho importantíssimo
que o professor concebe, planeia e executa com os seus alunos, é quase sempre
esquecido pelos avaliadores (pelos maus avaliadores) que, praticamente, só
verificam o trabalho do professor através da observação dos testes que ele faz
(e nem sempre são bons exemplos nem os avaliadores são do mesmo grupo
disciplinar), muitos deles tecnicamente mal feitos, ou, então, em duas aulas
assistidas (quando solicitadas pelo avaliado), calendarizadas ao gosto dos
intervenientes e nem sempre observadas pelos melhores profissionais do grupo
disciplinar, continuando-se a assistir a situações bizarras de avaliados que o
são por colegas de outros grupos disciplinares que nada sabem, claro, do
trabalho a que os obrigam ou dos que de imparcialidade fingem não saber.
E os avaliadores nomeados
“à força”, como por exemplo, um professor de Educação Visual avaliar um de
Educação Física? Ou mesmo um Diretor que é licenciado em Matemática avaliar um
professor de Português?
Continua a exigir-se às
escolas procedimentos desajustados para uma avaliação dos professores credível
mas simplificada, tal como vinha sendo reivindicada, continuando este governo a
insistir na avaliação de pares por pares completamente alheado da realidade e
do ambiente de desagrado que se vive e até das medidas antidemocráticas e das
boas práticas que dele se exigiriam a uma classe profissional há muito
humilhada e explorada por todos, desde Belém a S. Bento sem esquecer o Tribunal
Constitucional.
Apesar da paz que muitos
julgam existir graças a uma estranha serenidade que o ministro atual faz
questão de passar para quem o ouve e vê mas, também, graças a um certo
aceitacionismo da parte de muitos docentes para um combate que não se compadece
com atitudes contemplativas quando as respostas expetáveis são, o ministério
tem abusado dos professores e feito o que deles muito bem entende, desde a
precariedade com que os ameaça até ao salário de miséria que lhes dá, sem falar
dos direitos adquiridos que descaradamente lhes rouba, utilizando-os como meros
objetos de uma política de educação que cada vez mais despreza o capital humano
se comparada com a atenção que à banca dispensa.
É pena, muita pena, que a
dita avaliação do desempenho dos professores que tanta divisão já gerou nas
escolas, continue a não fazer-se de forma mais clara, mais justa e até mais séria para todos, sem que isto signifique, claro, mais papelada e mais burocracia!
Afinal, mais do que um emprego,
ser professor é um trabalho muito especial que forma cidadãos,
constrói futuro e projeta a modernidade de um país. Um trabalho que, por isso mesmo, exige também uma avaliação muito especial de quem o faz!
Maria Nazaré
Oliveira