“Depois do Adeus”, o retrato fiel de uma época que foi tudo, menos
ficção!
Uma série muito interessante da RTP, sobre a História de Portugal - 1975.
Aqui, o primeiro episódio: “O Fim” - 18 de julho de 1975, com a duração de 52 min:
Resumo:
Com a revolução do 25 de abril de 1974, Álvaro, Maria do Carmo e os dois filhos, Ana e João, são obrigados a abandonar a vida confortável que tinham em Luanda e a regressar a Portugal.
Para trás deixam ficar todos os seus bens: a casa, as terras e a fábrica.
A família chega a Lisboa no dia 18 de Julho de 1975, com a roupa do corpo e uns sacos de plástico na mão. Álvaro é recebido pela irmã Natália em sua casa, mas ninguém se sente confortável com a situação. As famílias não se conhecem e há mais de 20 anos que Álvaro não via a irmã. E, como se não bastasse, Maria do Carmo e Álvaro percebem que tão cedo não vão conseguir ter dinheiro para irem para uma pensão. O Banco de Angola não liberta as poupanças dos retornados e os contentores com os bens de quem regressa à metrópole são arrombados à chegada.
Entretanto, Ana conhece Gonçalo, amigo de Luísa e Pedro, os filhos de Natália e Joaquim. Os primos integram um grupo de maoístas que se confrontam com um grupo comunista durante a pintura de um mural. Ana ajuda Gonçalo a fugir e esta situação aproxima-os.
A história de uma época refletida nas “estórias” da família Mendonça que, de repente, se vê estrangeira no seu próprio país
Álvaro e Maria do Carmo Mendonça tinham uma vida feliz em Angola. Álvaro era um empresário de sucesso e Maria do Carmo uma dona de casa tranquila. Juntos têm dois filhos, Ana e João, que estudavam e viviam a adolescência nas ruas de Luanda. Até que chegou a guerra civil e tudo se precipitou. Entre anúncios de independência, estala uma onda de violência e todo o bem-estar e a ordem estabelecida desaparecem.
Em julho de 1975, deixando para trás todos os pertences de uma vida de trabalho, a família Mendonça, juntamente com mais de quinhentas mil pessoas, embarca numa ponte aérea que marcaria o maior êxodo da história do povo português, rumo a uma terra que a maioria conhecia apenas das fotografias e a que chamavam então de “Metrópole”.
Em Lisboa, no pequeno apartamento de Joaquim e Natália Cardoso, cunhado e irmã de Álvaro, os Mendonça encontram a base para a reconstrução das suas vidas. Porém, naquele verão quente de 1975, a integração não se adivinhava fácil. Com um Portugal subitamente reduzido às suas dimensões verdadeiras e empenhado num processo revolucionário que, em determinados momentos, deixaria o país num estado próximo da anarquia, a família tem de começar do zero, convivendo com estranhos que os recebem com desconfiança (na rua e mesmo dentro de casa) e lhes colam o rótulo de “os Retornados” (palavra incompreensível para os seus dois filhos, que nasceram em África). Álvaro tem de arranjar emprego e todos têm de sacudir o orgulho e aceitar a humildade, sofrendo em silêncio a nostalgia de tudo o que se viram forçados a abandonar.
Álvaro, um sobrevivente, de espírito empreendedor, chega sem nada mas disposto a fazer tudo para “salvar” a família da miséria. À imagem de muitos portugueses que sofrem a atual crise económica, Álvaro tem de fazer pela vida e lutar contra o desemprego.
Maria do Carmo é o elemento agregador da família Mendonça, apesar de sofrer muito com a tragédia da mudança e sentimento de perda, sentido nas pequenas coisas do dia-a-dia: no trato com a cunhada Natália (mulher conservadora e reprimida) e com as vizinhas, na falta de dinheiro, na falta de condições básicas de vida. Um desespero que a fará questionar, por vezes, até o seu casamento.
Ana Maria e João caminham para vida adulta, descobrindo o amor, descobrindo-se a si próprios, tomando opções, cumprindo os sonhos. Ana Maria vai viver um romance atribulado ao apaixonar-se por Gonçalo, um estudante brilhante e o namorado da sua prima Luísa. João vai querer crescer da maneira mais rápida, vivendo a vida intensamente, na companhia dos amigos Paulo e Nando, cometendo erros e armando trapalhadas – típicas da adolescência da época – e, ao mesmo tempo, explorando a nostalgia do público da forma mais inocente e descontraída.
Com cada episódio a começar por um acontecimento relevante da época (do foro político ou social), recorrendo a imagens de arquivo da RTP, “Depois do Adeus” conta a história de uma época refletida nas “estórias” de uma família que, de repente, se vê estrangeira no seu próprio país. Este é o retrato da família Mendonça, desde o dia em que “retorna” a um mundo onde nunca esteve e que nunca foi o seu, até encontrar o seu lugar; bem como o retrato de um novo Portugal que, tal como os Mendonça, tem de largar o passado e viver o futuro.
Depois do Adeus: Uma parte da História que muitos portugueses desconhecem. Um outro lado do pós-25 de Abril e a vida dos retornados nesta nova série da RTP.
ATENÇÃO:
Para os interessados em seguir todos os episódios, ver http://media.rtp.pt/blogs/depoisdoadeus/