Questiono-me todos
os dias e fico revoltada por continuar a não ver os bancos a ajudar as
pessoas mas as empresas, as grandes, os grandes, chegando-se a situações-limite que obrigam as famílias
a ficar sem as suas casas, sem o dinheiro que até agora entregaram através
das prestações mensais, a ir viver “como calha”, metidas em “quartos alugados”
ou numa situação de claro desespero junto de velhos familiares, dependentes das
pequenas reformas dos seus pais, sujeitas a tudo e mais alguma coisa para
sobreviver à humilhação que é, ao fim de uma vida, ao fim de tantos sacrifícios,
verem ser-lhes retiradas as casas que com tanto sacrifício iam pagando para
algo aos seus filhos deixar.
Segundo dados
oficiais atuais do Banco de Portugal, o número de
famílias com dificuldades em pagar os seus empréstimos continuar a aumentar.
Em março, os valores do crédito malparado voltaram a
atingir novos recordes e só no primeiro trimestre deste ano 27.800 portugueses
entraram em situação de incumprimento, ou seja, por dia, há mais de 300
portugueses que deixam de pagar os seus empréstimos. Que não conseguem, digo
eu!
Segundo o PÚBLICO de
6 deste mês, mais de 15% das famílias
devedoras à banca estão nessa situação, e a crise, no segundo trimestre, arrastou mais 10 mil
famílias para a mesma e há também mais empresas que não
conseguem pagar os empréstimos à banca.
De acordo com os dados da Central de Responsabilidade
de Crédito, divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal, no final do
segundo trimestre havia 708.515 famílias com crédito vencido, o que corresponde
a 15,6% do total. É o número mais alto desde que a instituição tem registo dos
dados, ou seja, desde o início de 2009.
Depois do aumento recorde de 4,1% no primeiro trimestre do ano, o incumprimento entre particulares voltou a subir no segundo trimestre, mas bem menos – 1,4%. Ou seja, mais 10.093 famílias deixaram de conseguir pagar os seus créditos.
O incumprimento está a aumentar, sobretudo, no crédito ao consumo, onde havia, no final do segundo trimestre, mais 13.525 famílias com crédito vencido do que nos três primeiros meses do ano (um aumento de 2,1%). No total, há mais de 649 mil famílias com este tipo de crédito em atraso, o que corresponde a 17,5% do universo total.
No crédito à habitação, o número de devedores em incumprimento superou os 150 mil, mais 1,1% do que no primeiro trimestre. Cerca de 6% dos devedores com empréstimos para compra de casa apresentam crédito vencido. Nas empresas, o cenário também tem vindo a degradar-se. Segundo os dados do Banco de Portugal, no final de Junho, 27,4% das empresas tinham crédito em atraso, o que é, também, o valor mais alto de sempre. Este valor é superior, não só, ao do trimestre anterior (26,1%), mas também ao do final de 2011 (24,4%).
Embora o crédito ao consumo represente a maior fatia do incumprimento, o crédito à habitação tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, uma situação que os especialistas garantem ter um impacto social maior, sobretudo se o cenário continuar a agravar-se.
Depois do aumento recorde de 4,1% no primeiro trimestre do ano, o incumprimento entre particulares voltou a subir no segundo trimestre, mas bem menos – 1,4%. Ou seja, mais 10.093 famílias deixaram de conseguir pagar os seus créditos.
O incumprimento está a aumentar, sobretudo, no crédito ao consumo, onde havia, no final do segundo trimestre, mais 13.525 famílias com crédito vencido do que nos três primeiros meses do ano (um aumento de 2,1%). No total, há mais de 649 mil famílias com este tipo de crédito em atraso, o que corresponde a 17,5% do universo total.
No crédito à habitação, o número de devedores em incumprimento superou os 150 mil, mais 1,1% do que no primeiro trimestre. Cerca de 6% dos devedores com empréstimos para compra de casa apresentam crédito vencido. Nas empresas, o cenário também tem vindo a degradar-se. Segundo os dados do Banco de Portugal, no final de Junho, 27,4% das empresas tinham crédito em atraso, o que é, também, o valor mais alto de sempre. Este valor é superior, não só, ao do trimestre anterior (26,1%), mas também ao do final de 2011 (24,4%).
Embora o crédito ao consumo represente a maior fatia do incumprimento, o crédito à habitação tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, uma situação que os especialistas garantem ter um impacto social maior, sobretudo se o cenário continuar a agravar-se.
Do total de famílias com crédito
malparado, um terço corresponde a portugueses que deixaram de pagar o
empréstimo da casa. Só no período entre janeiro e março deste ano o número
total de famílias com crédito vencido na habitação ascendeu a 148.717, o que
significa que há mais de 8.800 famílias
que entraram em incumprimento com a prestação do crédito à habitação. Por
dia, quase 100 famílias deixaram de pagar a casa no primeiro trimestre deste
ano em relação aos três meses anteriores.
Estes dados refletem sobretudo a subida do desemprego e a
perda de rendimentos, já que o crédito à habitação é aquele que as famílias,
por norma, só deixam de pagar em última instância.
Os pobres e
desgraçados do costume já vêm o crédito “mais do que vencido” e quase vencida a
sua força para conseguir sobreviver: grande parte destes vive em más condições
de habitabilidade, estão desempregados, têm filhos menores, estudantes, comem
mal, fingem que estão bem (repare-se na notícia do PÚBLICO de hoje: “a crise já
é causa de doença!”) e ainda vão tendo uma réstia de esperança quando se
arrastam até aos Centros de Emprego ou esperam a ajuda que tarda de um governo eleito democraticamente e que tudo prometeu
menos a miséria em que os/nos colocou.
De facto, por que
razão não se penalizam esses bancos e esses gestores, esses primeiros-ministros,
esses ministros e esses presidentes da República que durante estes últimos anos consentiram e calaram a
escalada mortal que se avizinhava, permitindo a queda brutal acontecida? Que,
afinal, venderam o Eldorado aos seus
clientes, os assediaram com uma panóplia de serviços e bens apelativos, taxas e
spreads, o paraíso… apoiados pelo
Governo… até ao golpe final, agora avassalador, deixando-os entregues à sua
sorte, criminosamente indiferentes e sadicamente alheados do(s) pedido(s) de ajuda,
feito(s) como um grito prestes a soltar-se ou uma raiva mal contida que dos olhos
em lágrimas sai?
Entram nos bancos,
quase a medo, com esperança, envergonhados, pedindo a renegociação da sua
dívida, pedindo dignidade, mas saem vazios e voltam a mergulhar no horror de
mais um “não” que os despedaça.
Choca esta contínua
falta de responsabilidade que deveria ser assacada aos bancos e a quem os
autorizou a chegar a este ponto, pois foi a banca que criou este monstro que, atualmente, aos pobres
tem engolido o que de pouco e confiante lhes haviam prometido e facilitado.
Não é correto culpabilizar os cidadãos que a
eles recorreram, quando esses mesmos bancos, de forma terrivelmente agressiva,
lhes facultavam este mundo e o outro, com facilidades de pagamento e taxas
apelativas. Não! Qualquer pessoa sonha e quer bem-estar e é legítimo que o
tenha quando para tal trabalhava. O que não é correto é esta cobardia dos
bancos, do governo, a demarcarem-se escandalosamente do seu papel de Estado
Social, como se não ouvissem o clamor do povo e a sua indignação pela crise
gerada e pela democracia corrompida. É criminosa, esta atitude. Desleal.
Chocam-me as
impunidades no nosso país, as exceções, as desigualdades sociais cada vez mais
visíveis, os jogos de bastidores, o espírito oligárquico (de má memória!) na
História de Portugal!
Os bancos criaram isto e sabiam que isto ia acontecer. Aos outros, claro! Inclusivamente, a "nossa" banca cooperou, com conhecimento e aval do estado português em negociações com a finança mundial, estabelecidas pelos bancos norte-americanos que, como sabemos, foram o cerne desta crise.
Dando crédito às grandes empresas vai animar uma economia que vive de uma vasta rede de médias, pequenas e microempresas ou vai contribuir para a queda da produção e a perda de postos de trabalho?
Dando crédito às grandes empresas vai animar uma economia que vive de uma vasta rede de médias, pequenas e microempresas ou vai contribuir para a queda da produção e a perda de postos de trabalho?
nazaré oliveira