Quando soube que o consórcio alemão cobrou os mil milhões do
preço de aquisição dos submarinos, mas não cumpriu o contrato de contrapartidas
para a economia portuguesa, que termina a 4 de outubro, fiquei mais uma vez
revoltada. REVOLTADA por saber que este é um entre muitos casos de pouca
vergonha, de crimes sem castigo, de injustiça e de subversão de valores e de
regras democráticas que, num estado que se autoproclama de Direito, vai
descaradamente contra o que constitucionalmente adquirimos funcionando ao
arrepio dos mais elementares deveres a que estamos obrigados pela Constituição
de Abril. A que estamos obrigados TODOS, incluindo, claro, esta gente que
através do voto ingénuo de alguma ingénua gente, fez carreira meteórica na
política, ganhando, desse modo, muito e muito dinheiro, muito e muito poder,
estatuto académico que de outra forma não conseguiriam e destaque que nunca na
vida teriam se nas bancadas da Assembleia da República não estivessem, mesmo
que de boca fechada os vejamos sempre, ou a dormir ou a bocejar, a ler os
jornais, ao telemóvel, no Facebook ou até em casa ou nos seus escritórios
ou empresas, pagos a peso de ouro, porque faltar é com eles (deputados) sim, e
nós bem sabemos!
Faltam, pregam a moral e a austeridade mas não são exemplo disso, muito pelo contrário. Crise? Apertar o cinto? Isso é para os outros. Para o povão.
Faltam, pregam a moral e a austeridade mas não são exemplo disso, muito pelo contrário. Crise? Apertar o cinto? Isso é para os outros. Para o povão.
Depois vem o
boss, com aquele arzinho de rapazinho que quer passar a ideia daquilo que
nunca foi nem nunca conseguirá ser, emproado, pavoneando-se, com tiques cada
vez mais acentuados de alguém que se apresenta envaidecido, ainda não sei bem
porquê, arrogante q. b., como se os outros fossem uns parvalhões que não
percebem nada de austeridade e que não percebem que, agora, têm de ser castigados
porque gastaram mais do que aquilo que deviam ter gasto, como se fosse o povo o
culpado da porcaria que a gestão danosa do Estado, há
anos, vem fazendo, com as cedências promíscuas e criminosas que, essas sim, nos
conduziram ao abismo, seja com gestores públicos, empresas públicas ou
semiprivadas - PPP - deputados e ministros, conselheiros de estado, gabinetes e
gabinetes de estado e de estados, cedências e mordomias gravíssimas (cujas consequências agora se tornaram mais visívies)à Banca, aos banqueiros, aos grupos económicos e aos mercados.
Que vergonha esta
falta de vergonha! Este desrespeito
pela Constituição, este querer ser mais do que aquilo que na realidade se é ou
deve ser, subvertendo completamente o espírito da Revolução que em 25 de Abril
de 1974 a esperança numa sociedade nova fez surgir, fazendo-nos acreditar que o
fascismo não retornaria nem jamais alguém do povo seria aproveitado para um
grupo de habilidosos singrar, oprimindo e despoticamente atuando e governando à
boa maneira salazarista.
Tudo se faz e tudo
se assina "a bem da nação" mas, cada vez mais são os casos de
corrupção e de boas e grandes negociatas que o Estado faz e patrocina, como
esta, da qual, garantidamente, o país não beneficia e o povo muito menos.
Neste caso que
hoje falo, a penalização prevista no contrato assinado por Paulo Portas cobre
apenas 10% dos 700 milhões em falta.
O Jornal de Negócios revela esta
quinta-feira que o grupo alemão MPC Industries, dono na empresa
Ferrostaal - cujos gestores acabaram condenados por subornarem governantes
gregos e portugueses - está agora na corrida da privatização dos Estaleiros de
Viana do Castelo. Imaginem!
Segundo o mesmo jornal, a empresa formou
agora um consórcio com a Amal, a metalomecânica detida a 30% pela Espírito
Santo Capital, detida pelo grupo financeiro do banco que financiou o contrato
ruinoso dos submarinos e que viu outra empresa sua, a Escom, receber 30 milhões
de euros do consórcio alemão para intermediar o negócio com o Estado português.
Imaginem!
Foi com base nestes 30 milhões que sugiram as suspeitas dos subornos em investigação pela justiça.
Apesar da investigação datar de 2006, só esta quarta-feira a Procuradoria Geral da República anunciou que irá fazer "novas diligências" junto do então ministro da Defesa e líder do CDS Paulo Portas, que no fim do mandato entregou a uma empresa exterior ao Ministério a tarefa de digitalizar 61.893 páginas de documentos.
Foi com base nestes 30 milhões que sugiram as suspeitas dos subornos em investigação pela justiça.
Apesar da investigação datar de 2006, só esta quarta-feira a Procuradoria Geral da República anunciou que irá fazer "novas diligências" junto do então ministro da Defesa e líder do CDS Paulo Portas, que no fim do mandato entregou a uma empresa exterior ao Ministério a tarefa de digitalizar 61.893 páginas de documentos.
O montante de 1200 milhões de euros em
contrapartidas que o consórcio alemão se comprometeu a dar à economia
portuguesa, foi apresentado pelo Governo de Durão Barroso e Paulo Portas como
um bom argumento a favor do negócio da compra dos submarinos por 1000 milhões
de euros, mas o que faltou dizer na altura foi que o contrato assinado por
Paulo Portas até permitia ao consórcio alemão dizer logo após a assinatura do
contrato que não iria cumpri-lo em um cêntimo. A pena prevista no contrato por
esse incumprimento é de apenas 10% do valor em falta, o que daria no máximo 120
milhões de euros, ou seja, quatro vezes o que os alemães entregaram à ESCOM
para convencerem o lado português da sua proposta.
Agora o contrato de contrapartidas está à
beira de terminar e segundo o Diário de Notícias, apenas 490 milhões tinham
sido validados pela Comissão de Contrapartidas. Se for esse o valor confirmado
a 4 de outubro, data em que o contrato termina, ficam 710 milhões de euros por
cumprir, dos quais os alemães apenas são obrigados a pagar um décimo, ou seja,
71 milhões de euros.
No contrato assinado por Paulo Portas, o
incumprimento do contrato de contrapartidas não podia ser invocado por Portugal
como motivo para denunciar a compra dos submarinos. Imaginem! E foi essa a
conclusão de dois pareceres da Procuradoria Geral da República, que confirmou
não haver margem de manobra para o Estado anular o contrato ruinoso e devolver
os submarinos à procedência!!!
Curiosamente, ainda esta semana o
ministro da Defesa Aguiar Branco mandou regressar o segundo submarino comprado
por Portas ao estaleiro alemão, por não ter passado nos testes da Marinha
portuguesa. Tal como tinha acontecido ao primeiro submarino – o
"Tridente" – agora é a vez do "Arpão" regressar à Alemanha
para fazer reparações enquanto está assegurada a garantia, antes de ser
feita a sua receção definitiva.
No despacho publicado em Diário da República esta semana, o Ministério
acrescenta que a receção definitiva "deveria ter ocorrido em 1 de julho de
2012”, mas que até dia 26 de julho o consórcio "não tinha cumprido todas
as suas obrigações contratuais de garantia".
Imaginem!
E nós, como sempre, só sabemos da missa... metade! Uma metade monstruosamente revoltante!
Imaginem!
E nós, como sempre, só sabemos da missa... metade! Uma metade monstruosamente revoltante!
Ângela Merkel sabe muito!
Oh,oh, se sabe!