domingo, 3 de junho de 2012

A Alemanha está a destruir a Grécia e a Europa?


O jornal Económico, no dia 18/07/11, já noticiava que a chanceler alemã não conseguia lidar com a crise europeia, segundo diziam membros do seu partido.

Helmut Kohl, ex-presidente alemão, inclusive, não se mostrava satisfeito com a forma como a sua sucessora estava (e está ) a gerir a crise da Europa. E não é o único!

Kohl declarara, em privado, que Angela Merkel estava "a destruir a minha Europa", referindo-se à forma como a chanceler alemã conduzia a recente crise do Euro e ao papel do antigo presidente na construção da União Europeia e da moeda única.

Outros membros do partido de Merkel, a União Democrática Cristã (CDU) também mostraram o seu descontentamento nos últimos dias, caso de Volker Bouffier, primeiro-ministro do estado de Hesse e deputado da CDU, que também dissera que Merkel estava em perigo de deitar por terra a herança pró-europeia do partido.

"A Europa é um projecto político. É demasiado importante para deixar às agências de ‘rating'", criticou Bouffier.

"A última coisa que um país de exportações como a Alemanha pode fazer é ter uma população eurocéptica", acrescentou Kurt Laukk, responsável pela comissão económica da CDU. Merkel está a ganhar uma reputação de eurocéptica devido às suas declarações recentes. Já ameaçou não ir a uma reunião de chefes de Estados europeus se não se acordasse um segundo pacote de ajuda à Grécia.

Entretanto, na Europa, Merkel é acusada de euro-populismo. As suas recentes declarações sobre as reformas e as férias no Sul da Europa não ajudaram. O presidente do banco central alemão Beundesbank, Jens Weidmann disse na semana passada que o governo não tem uma estratégia clara para lidar com a crise da dívida que se avoluma na Europa.

Miguel Portas, o saudoso Miguel Portas, referia, também, no dia 17 de Fevereiro de 2012, que a Alemanha estava a destruir a Grécia e a Europa:

«O projecto europeu está a ser destruído pelo Governo alemão. A ideia de projecto europeu que continha, tal como Portugal quando aderiu à Europa, uma promessa de convergência entre os mais pobres e os mais ricos e entre as nações mais atrasadas e mais desenvolvidas, está a ser traída todos os dias pelo governo alemão que põe e dispõe da Europa a seu bel-prazer».

Referia, ainda, que concordava com a resposta do presidente da República grego, antigo resistente contra a ocupação alemã, e que na quarta-feira passada havia atacado o ministro das Finanças alemão pelas criticas que Wolfgang Schauble tinha feito à Grécia.

«Eu se fosse grego e estivesse submetido à chantagem a que a Grécia está submetida, que é uma chantagem que já chegou ao ponto de mudarem o governo, que não foi eleito por rigorosamente ninguém, e se eu fosse um grego que até tivesse sido da resistência anti-nazi e anti-fascista, confesso que teria um desabafo muito similar ao do presidente da República grega».

Como te compreendi, Miguel Portas! Que falta fazes, Miguel Portas!

Para este grande homem e este grande político, que com a lucidez e inteligência habitual refletia mais uma vez (em Fevereiro deste ano) sobre uma realidade que, agora, cada vez mais se agiganta e oprime os que mais sofrem, a pressão da 'troika', constituída pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a União Europeia é «inaceitável», acusando a Alemanha de «coordenar» o ataque ao país (e não só à Grécia, como estamos a ver agora, no princípio de Junho!)

Mas o problema também passa, de facto, pela existência de uma maioria de direita no Parlamento Europeu. Sim, também passa por aí.

Quando hoje li que as instituições europeias - Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Eurogrupo -estão a preparar um plano global encomendado pelos líderes da UE, para uma reestruturação "de fundo" da zona euro que deverá ser apresentado no final de Junho, conforme refere o jornal alemão "Welt am Sonntag", citado pela agência EFE, senti que algo ainda podia mudar o curso da desgraça!

É urgente que esse plano saia e que essa restruturação se faça rapidamente, AJUDANDO SEM HUMILHAR MAIS QUEM HUMILHADO QUASE SEMPRE TEM SIDO ao longo da sua História

Os presidentes do Conselho da UE, Herman van Rompuy, da Comissão Europeia, Durão Barroso, do BCE, Mario Draghi e o presidente do Eurogrupo, Jean Claude Juncker terão ficado com esta responsabilidade na última cimeira informal realizada a 23 de maio.

Os líderes das instituições europeias deverão elaborar, segundo o jornal, uma espécie de "roteiro" que afetará a "todos os níveis" a UE.
O objetivo é que o "projeto revolucionário" seja discutido, aprovado e adotado o mais tardar até final do ano.


Van Rompuy, Barroso, Junker e Draghi trabalharão quatro áreas: reformas estruturais, união financeira, união orçamental e união política.
O resultado será uma nova UE, refere o "Welt am Sonntag".


De acordo com o jornal, o plano incluirá medidas concretas para impulsionar o crescimento e não se concentrará unicamente na austeridade, a via preconizada até agora pelo governo de Angela Merkel.

Esperemos que A. Merkel e a sua Alemanha não destruam a Europa pela terceira vez nos últimos 100 anos, como dizia o Dr. Tomas Vasques recentemente na sua pg do Facebook:
"(...) não estamos no dia 31 de Agosto de 1939, nem a chanceler alemã Ângela Merkel se prepara para viajar num carro de combate até Varsóvia. A história não se repete (nem mesmo como farsa, como escreveu Marx), muito menos como reprodução a papel químico, o que nos obriga ao esforço de ver de novo nos factos de hoje o que já aconteceu em outros contextos e com outros ingredientes. Contudo, não ver, hoje, na estratégia europeia congeminada em Berlim e nos relatórios do Ministério da Economia alemã, a renovação da«superioridade» germânica, agora reeditada sobre os povos do sul da Europa, é cegueira indesculpável. É meter a cabeça debaixo da areia, como o fez o primeiro-ministro britânico Chamberlain entre 1937 e 1939. Quando um conceito daninho começa a ganhar espaço, sou de opinião que é preciso denunciá-lo. Ainda estamos, neste momento, a tempo de atalhar caminho.

Não há nenhum Hitler no horizonte, nem incêndios no Reichstag estão à vista. Contudo, a crise que vivemos e o poder e a arrogância do Dinheiro assemelha-se ao que se passou nos anos 30, período de ascensão de muitas ditaduras e de muito sofrimento dos povos de toda a Europa. A moral está pervertida quando alguém que ganha mais de 400 mil euros por ano, sem pagar impostos, grita, sob o olhar condescendente de muito boa gente ou, mesmo, com alguns aplausos, que o povo grego (e também o português, o espanhol, o italiano ou o irlandês) é o culpado de todos os males que nos assolam.
Não denunciar esta perversão de valores, em que o Dinheiro é o herói e os povos sacrificados são os vilões, é meter a cabeça debaixo da areia, como o fez Daladier, primeiro-ministro francês que, com Chamberlain, assinou o pacto de Munique, em 1938.
Não ver a tempo os sinais e as nuvens carregadas de velhas ideias com novas roupagens é meio caminho andado para a desgraça. Depois não venham dizer que não perceberam.

Ainda tenho esperança que prevaleça o bom senso. O bom senso e a justiça! O desejo de Paz e Harmonia para todos e a verdadeira solidariedade económica e social, que, supostamente, deveriam ser dois dos grandes vetores da U.E., jamais arredados de qualquer cimeira ou decisão, seja em que âmbito for ou para quem quer que seja!

De facto, isto assim não pode continuar nem foi para isto que concordei com a adesão do nosso país à, então, Comunidade Económica Europeia.

A ver vamos, claro, alerta!


Nazaré Oliveira