O Grito, de Edvard Munch |
Quando soube que uma mulher de 38 anos, mãe de seis filhos, morrera hoje num hospital da capital francesa na sequência dos ferimentos causados por auto-imolação, fiquei horrorizada.
Uma mãe que procurava alojamento e ateara fogo a si própria, ontem, num edifício municipal de Saint-Denis, a norte de Paris.
Uma mãe que havia sido desalojada. Que procurava um tecto para os seus filhos. Que procurava sobreviver, certamente, como certamente até aí tinha feito.
Matou-se. Matou-se.
Ao ponto que chegámos! Ao ponto que levaram esta mulher, esta mãe!
Não interessam os pormenores. Interessa, sim, que uma pessoa foi levada ao limite do desespero e da revolta, matando-se.
Certamente, desamparada na vida e pela vida. Certamente, desamparada por tudo e por todos. Sobretudo, por todos.
Que mundo este, em que vivemos, que a tal situação faz chegar uma jovem mãe!
Que terror este, em que vivemos, que a cada dia que passa mais vai tirando a quem quase nada de si possui! A dignidade e até a vida!