sábado, 3 de dezembro de 2011

Seriedade nas Escolas?

Em 2009-2010 esperava uma intervenção mais activa da parte das escolas e daqueles que reivindicavam mudanças, tornando-se óbvia a discussão e o debate, no sentido de se apresentarem soluções viáveis e de devolver a paz às escolas. Mesmo os Directores, que afinal representam os trabalhadores das escolas e por eles foram eleitos, deveriam ser os primeiros na linha da frente, assumindo a representatividade e autoridade que a lei lhes confere. Além disso, por inerência de funções, são os melhores conhecedores da realidade das escolas.

Muitos dos professores que saíram às ruas, continuaram a trabalhar com os seus alunos mas desgastaram-se muito mais desde então, quer  física  quer psicologicamente.

Esmoreceu a sua capacidade reivindicativa e sentem-se completamente desanimados perante um governo e um ministério que continua a agir ao arrepio dos mais elementares princípios e obrigações democráticas, bem como, de uma oposição que se fica pela contra-argumentação e oratória barata no hemiciclo de S. Bento.

Já uma vez o disse: em democracia, não basta a intenção mas a intervenção. 
Servimos o país e os cidadãos com honra e decência, atentos que estamos às suas legítimas aspirações e aos usurpadores dos seus direitos.

Mas a democracia não dá o que muitos nunca terão: vergonha!

O Conselho Científico Para a Avaliação de Professores (CCPAP), na primeira aplicação do modelo de avaliação referia a importância de promover a adequada aplicação e utilização do sistema de avaliação do pessoal docente, e afirmava, inclusivamente, que cada escola podia usar a sua autonomia para assumir a sua identidade, conceber a sua estratégia organizativa, escolher e construir os seus procedimentos e instrumentos de avaliação de forma simples, coerente e proporcionada, recomendando que cada escola organizasse um dispositivo de avaliação congruente com o projecto educativo e o plano de actividades da escola. E que cada escola, partindo da experiência do processo avaliativo iniciado em 2008-2009 sugerisse aos “decisores políticos” alterações e melhoramentos, uma vez que, de facto, não faria sentido utilizar um modelo que não tivesse receptividade e exequibilidade para as mesmas.

Inclusivamente, chamou a atenção das escolas para o risco que poderia resultar da excessiva burocratização e de uma inadequada concepção processual da qual resultasse o que não se quereria nunca mas que veio a acontecer - contestação e rejeição de milhares de professores, mau ambiente nas escolas, degradação das relações profissionais, injustiças, prepotência e tráfico de influências nos cada vez mais actuantes e melhor instalados lobbys das escolas, em perfeita harmonia com Directores que gerem o dia-a-dia comezinho das escolas numa subserviência doentia com tudo isto, de forma acrítica e profundamente nociva à sua gestão democrática.

Conversa, só conversa, dos falsos profetas da modernidade e dos falsos progressistas da Educação!  

Revolta, só revolta, da parte dos que continuam a ser sérios e a dedicar-se verdadeiramente ao Ensino e à Educação, mas que se sentem cercados por todos estes incompetentes que os rodeiam e que, infelizmente, tomaram conta das Escolas como se de feudos seus se tratasse, agarrados que estão a uma legitimidade que há muito viciada está.

Nunca tanta falsidade e mentira se viu nas nossas escolas, desde compadrios a corrupção, promoção da incompetência e troca de favores.

Até quando?

Quando se chega a situações em que os próprios alunos e os seus encarregados de educação se revoltam com a atribuição de excelente a certos professores cujo trabalho bem conhecem, que dizer?

Que vergonha! Que vergonha!