quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Meu corpo, que mais receias?






-Meu corpo, que mais receias?

-Receio quem não escolhi.


-Na treva que as mãos repelem

Os corpos crescem trementes.

Ao toque leve e ligeiro

O corpo torna-se inteiro,

Todos os outros ausentes.


Os olhos no vago

Das luzes brandas e alheias;

Joelhos, dentes e dedos

Se cravam por sobre os medos...

Meu corpo, que mais receias?


-Receio quem não escolhi,

Quem pela escolha afastei.

De longe, os corpos que vi

Me lembram quantos perdi

Por este outro que terei.




(Escolhi, para ilustrar este poema, quatro obras extraordinárias de E. Munch)