quarta-feira, 29 de junho de 2011

Hipocrisia, barbaridade e negociatas.


A propósito do que vi e li na página do FB dos Unidos Contra as Touradas:

“(…) "festas do Montijo em honra do santo padroeiro desta cidade, S.Pedro. E como em todos os anos mais feridos, mortos e incapacitados para o resto da vida. Cultura e tradições de arrogância, ignorância e desrespeito pela vida” 

"Um blog apresenta mesmo uma filmagem de turistas estrangeiras (nos Açores), que saíram da praça de touros a chorar, afirmando que se tratou de “um espectáculo horrível”(...)"

"Cavalo morre em plena tourada. (...) Nas últimas Sanjoaninas, em que um cavalo morreu e um touro perdeu um corno. As imagens, que foram lançadas há dois dias no youtube, são dramáticas (...)"


Hipocrisia, barbaridade e negociatas. Parece que vale tudo em nome da Igreja, da doutrina da Igreja e do culto da Igreja católica! Festas religiosas com touradas como principal atracção! Vale tudo. Tudo, até faltar descaradamente aos valores que apregoa e os católicos dizem cumprir, incluindo o respeito pelo OUTRO e pela VIDA, “reassumindo” grande parte deles, socialmente mas não espiritualmente, todos os domingos, quando vão à missa ou mesmo quando rezam, palavras e uma fé que não engana ninguém e até nos envergonha.  
Cada vez mais apostada no lado profano e não no sagrado, a Igreja Católica, tirando as devidas excepções e gente fantástica que sempre admirei e continuo a admirar, caso dos (verdadeiros) missionários e dos que se sacrificam mesmo pelos outros, assumindo inequivocamente os seus votos de pobreza e humildade e a sua entrega à comunidade e aos valores cristãos e não à vida social e às páginas coloridas dos jornais e revistas, com reformas estranhamente milionárias… aos párocos que, pela sua coerência, formação moral, cívica e intelectual são um exemplo para os seus fiéis…tirando estes, que sobra?
Educa-se pelo exemplo!
Não basta dizer mas provar na sua prática diária que se faz aquilo em que se acredita.
Seguiremos  “o mestre” pelo exemplo do mestre.
E que exemplo vem destas iniciativas “religiosas” ou com a bênção da Igreja católica, caso da TVI, das Santas Casas da Misericórdia & Cª Lda?
Que tem feito a Igreja católica para acabar com este massacre? Por que razão não toma posição relativamente a isto?
Com as suas abençoadas e santas touradas, gulosos do dinheiro e do poder mediatizado, embriagados pela ideia de riqueza a qualquer  preço, esta Igreja tem sido sempre cúmplice dos lobbys tauromáquicos e também tem as mãos sujas de sangue. Sangue inocente. De seres inocentes.
Pecado? O que é isso?  
Tal como os cavaleiros, armados em desportistas, como se fosse alguma vez possível alguém equiparar hipismo com esta espectáculo degradante… com o seu cheiro a naftalina e bazófia...marialvismo... arrogantemente montados nos cavalos que sacrificam...mascarados com o ridículo barroquismo das fatiotas que envergam, com gestos ensaiados que tresandam a cobardia e pedantismo... Tal como os valentões que, a pé mas armados e protegidos, desafiam o touro em patéticas poses de falsa virilidade… Tal como os forcados, numa atitude pretensiosamente corajosa, acagaçados numa fila ridícula de provocação, uns atrás dos outros, chamando pelo nobre animal depois de horas e horas de violência sobre o mesmo, ferido, enfraquecido pela tortura e perdas de sangue … tortura aplicada MUITOS DIAS ANTES E NÃO SÓ AGORA, NA ARENA.
E as pessoas a assistir, cínicas, brutais, excitadas com a visão de uma morte anunciada e com o cheiro do sangue quente e inocente que escorre do pobre animal, num cenário macabro e aterrador.
Dos pobres animais, incluindo os cavalos, também eles sacrificados em praça pública e humilhados.
 Sou contra as touradas do mesmo modo que sou a favor da dignidade e respeito incondicional para todos os animais, humanos e não humanos.
 Estive e estarei sempre do lado dos que sofrem, neste caso, do touro, como estive e estarei sempre ao lado dos que mais precisam.
 Ao lado da RAZÃO. Contra o SADISMO, a BARBÁRIE e as tradições desumanas.  
Contra os que pagam para ver sofrimento e injustiças e as defendem em nome de uma superioridade do Homem que arrotam sistematicamente. Com boçalidade.

Nazaré Oliveira