Metsola na Assembleia: a promessa de uma Europa "melhor", a
crise social e migratória, e um recado para o PCP sobre a Ucrânia
Tiago Soares, 16 junho, EXPRESSO
A Presidente do Parlamento Europeu foi a convidada
de honra da sessão plenária desta sexta-feira. Agradeceu o empenho nacional na
construção do projeto europeu – “Portugal é onde a Europa começa” – e prometeu
reformas para aproximar Bruxelas dos cidadãos.
Convidada de honra na sessão plenária desta sexta-feira na Assembleia da República, a Presidente do Parlamento Europeu afirmou na sua intervenção inicial que “este é o mais europeu dos Parlamentos e um lugar onde me sinto em casa”. “Portugal é onde a Europa começa”, garantiu, lembrando os históricos desafios geográficos do país.
Contudo, o momento em que a maltesa Roberta Metsola arrancou mais aplausos aos deputados portugueses haveria de acontecer mais à frente, na sua declaração final, quando respondeu diretamente à posição da deputada do PCP Paula Santos sobre a guerra na Ucrânia: “Eu estive no Parlamento Ucraniano em abril do ano passado. Peço-lhe que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos que não estão com os seus companheiros há semanas, que não podem enviar os seus filhos para a escola, que estão a embarcar para uma guerra… Isto não é sobre sentarmo-nos numa mesa a falar, é sobre a Rússia sair do território ucraniano. Nem mais nem menos”, afirmou Metsola, sentada ao lado de Augusto Santos Silva.
A deputada comunista tinha criticado duramente a opção europeia de “continuar a fornecer armamento à Ucrânia em vez de [investir em] salários e pensões.” “É preciso parar de instigar a guerra na Ucrânia.”
“Portugal é positivamente teimoso
em ser pró-europeu. Os portugueses acreditam que a permanência de Portugal na
UE é uma coisa ótima, agora é preciso preencher o gap [da abstenção] e
conseguir que as pessoas votem. Votar é um direito, é um privilégio e é uma
forma de responsabilizar os políticos. Esta vai ser a minha mensagem até ao
próximo ano”, disse Roberta Metsola aos jornalistas no Largo de São Carlos, a
menos de um ano das próximas eleições europeias. Contudo, a líder do Parlamento
Europeu reconheceu a dificuldade em passar esta mensagem no “tempo difícil” em
que existe “guerra na Europa”, “inflação”, “crise energética” e “crise
habitacional” por “toda a UE”. Ainda assim, considera-se “otimista” em
conseguir “contrariar a narrativa” e, também assim, evitar que as pessoas
procurem “conforto” nos “extremos”. Uma mensagem que surge num contexto de
crescimento dos partidos de extrema-direita por toda a Europa e que pode
reconfigurar o Parlamento Europeu já nas próximas eleições de 2024.