sábado, 23 de junho de 2018

Professores em luta


A RTP notícias on-line, refere que o ministro da Educação desafiou os sindicatos dos professores a regressarem à mesa de negociações, e que o apelo de Tiago Brandão Rodrigues surge numa altura em que a paralisação dos docentes já levou ao adiamento de milhares de reuniões de conselhos de turma e com muitos alunos a realizarem os exames sem nota atribuída.

Desafiou os sindicatos? Há quanto tempo andam os sindicatos a solicitar ao governo que reponha a legalidade e cumpra a sua palavra? Há quanto tempo anda o governo a responder com evasivas e a não querer restituir aos professores o que aos professores deve?

Nesta classe laboral - os professores - muit@s têm sido os que, com sacrifício e determinação, têm estado nesta luta pelos seus direitos legítimos roubados há quase 10 anos, como se nesse período tivessem estado "a fazer de conta" ou sequer desaparecido.
Nesse tempo, que o governo pretende apagar, os professores trabalharam com afinco, seriedade e dedicação. Os professores mantiveram as escolas a funcionar honesta e responsavelmente, certos, porém, de que jamais alguém iria utilizá-los como, pelos vistos, utilizaram, como se pode concluir pelas afirmações que têm sido proferidas, pelo menos, ao longo destas últimas semanas.
Muitos portugueses, paradoxalmente, continuam a considerar que os professores são efetivamente importantes na sociedade e que ser professor é uma das profissões mais nobres e uma das mais nobres missões, no entanto, quando estão em luta, sejam associações de pais, Confederações de Pais, associações de estudantes ou até simples cidadãos, não lhes poupam as suas críticas mordazes e a sua cáustica apreciação.
Professores, sim, mas caladinhos, como no salazarismo, a guardar as crianças, a “comer e calar”...
É triste, passados 44 anos, continuarmos a ver tratados, de forma hostil e claramente desrespeitosa, peças-chave da formação e do progresso de um país.
A acrescentar a esta revolta, a esta indignação, o estaticismo e o conformismo de colegas de trabalho que se encostam despudoradamente às lutas que travamos (e temos travado) para da mesma usufruir (como sempre), agarrados que estão a princípios estranhos de uma estranha apatia que tanto mal nos tem causado, a nós, professores, e à própria democracia. 

Já agora, para quem não sabe ou critica sem saber*:
1. Os professores não progridem automaticamente nem apenas com base no tempo de serviço. Existem numerus clausus  (na progressão aos 5.º e 7.º escalões) e existe avaliação dos professores para mudar de escalão (mínimo de Bom, com observação de aulas no trânsito para o 3.º e 5.º escalões), além da obrigação de frequentar com aproveitamento ações de formação;
2. Com o que foi dito no ponto anterior, muitos professores nunca chegarão a escalões superiores;
3. Grande parte dos professores está há mais de uma década no primeiro escalão da carreira, mesmo tendo sido avaliados com Bom, Muito Bom ou Excelente, frequentado com classificação ações de formação, entre outros;
4. Os professores deste país não ficam de férias assim que as aulas acabam! Se assim fosse quem é que atribuía as notas? Quem é que realizava os Conselhos de Turma? Quem é que fazia os horários? Quem é que fazia as planificações e articulações curriculares? Quem preparava o ano letivo seguinte? Tudo isso é feito durante o mês de julho e em alguns casos em agosto;
5. Os professores só podem ter férias no mês de agosto, o que muitas vezes prejudica a sua vida pessoal, como é fácil compreender;

Nazaré Oliveira


Para saber mais, consultar:

https://www.dn.pt/portugal/interior/quem-tem-razao-na-luta-dos-professores-juristas-divididos-9412071.html
https://www.esquerda.net/opiniao/professores-em-tempo-de-uniao-e-luta/55758*
https://www.spgl.pt/em-defesa-das-suas-carreiras-professores-voltarao-a-luta

https://www.spgl.pt/greve-de-hoje-foi-um-importante-momento-de-uma-luta-que-os-professores-irao-continuar