A RTP notícias on-line, refere que o ministro da Educação desafiou os sindicatos dos
professores a regressarem à mesa de negociações, e que o apelo de Tiago Brandão
Rodrigues surge numa altura em que a paralisação dos docentes já levou ao
adiamento de milhares de reuniões de conselhos de turma e com muitos alunos a
realizarem os exames sem nota atribuída.
Desafiou os sindicatos? Há quanto tempo andam os sindicatos a solicitar
ao governo que reponha a legalidade e cumpra a sua palavra? Há quanto tempo
anda o governo a responder com evasivas e a não querer restituir aos professores
o que aos professores deve?
Nesta
classe laboral - os professores - muit@s têm sido os que, com sacrifício e
determinação, têm estado nesta luta pelos seus direitos legítimos roubados há
quase 10 anos, como se nesse período tivessem estado "a fazer de
conta" ou sequer desaparecido.
Nesse
tempo, que o governo pretende apagar, os professores trabalharam com afinco,
seriedade e dedicação. Os professores mantiveram as escolas a funcionar honesta
e responsavelmente, certos, porém, de que jamais alguém iria utilizá-los como,
pelos vistos, utilizaram, como se pode concluir pelas afirmações que têm sido
proferidas, pelo menos, ao longo destas últimas semanas.
Muitos
portugueses, paradoxalmente, continuam a considerar que os professores são
efetivamente importantes na sociedade e que ser professor é uma das profissões
mais nobres e uma das mais nobres missões, no entanto, quando estão em luta,
sejam associações de pais, Confederações de Pais, associações de estudantes ou
até simples cidadãos, não lhes poupam as suas críticas mordazes e a sua
cáustica apreciação.
Professores,
sim, mas caladinhos, como no
salazarismo, a guardar as crianças, a “comer e calar”...
É
triste, passados 44 anos, continuarmos a ver tratados, de forma hostil e
claramente desrespeitosa, peças-chave da formação e do progresso de um país.
A
acrescentar a esta revolta, a esta indignação, o estaticismo e o conformismo de
colegas de trabalho que se encostam despudoradamente às lutas que travamos (e
temos travado) para da mesma usufruir (como sempre), agarrados que estão a
princípios estranhos de uma estranha apatia que tanto mal nos tem causado, a
nós, professores, e à própria democracia.
Já agora, para quem não sabe ou critica sem saber*:
1. Os professores não progridem automaticamente nem apenas com base no
tempo de serviço. Existem numerus clausus (na progressão
aos 5.º e 7.º escalões) e existe avaliação dos professores para mudar de
escalão (mínimo de Bom, com observação de aulas no trânsito para o 3.º e 5.º
escalões), além da obrigação de frequentar com aproveitamento ações de
formação;
2. Com o que foi dito no ponto anterior, muitos professores nunca
chegarão a escalões superiores;
3. Grande parte dos professores está há mais de uma década no primeiro
escalão da carreira, mesmo tendo sido avaliados com Bom, Muito Bom ou
Excelente, frequentado com classificação ações de formação, entre outros;
4. Os professores deste país não ficam de férias assim que as aulas
acabam! Se assim fosse quem é que atribuía as notas? Quem é que realizava os
Conselhos de Turma? Quem é que fazia os horários? Quem é que fazia as
planificações e articulações curriculares? Quem preparava o ano letivo
seguinte? Tudo isso é feito durante o mês de julho e em alguns casos em agosto;
5. Os professores só podem ter férias no mês de agosto, o que muitas
vezes prejudica a sua vida pessoal, como é fácil compreender;
Nazaré Oliveira
Para saber mais, consultar:
https://www.dn.pt/portugal/interior/quem-tem-razao-na-luta-dos-professores-juristas-divididos-9412071.html
https://www.esquerda.net/opiniao/professores-em-tempo-de-uniao-e-luta/55758*
https://www.spgl.pt/em-defesa-das-suas-carreiras-professores-voltarao-a-luta
https://www.spgl.pt/greve-de-hoje-foi-um-importante-momento-de-uma-luta-que-os-professores-irao-continuar