A 15 de Setembro de 2012 ocorreu uma das maiores manifestações no nosso país. Esse protesto não é apropriável por grupos de cidadãos ou partidos, pois pertence a todas as pessoas que nele participaram (…).
Relembramos
o texto da convocatória que chamou milhares de pessoas a tomar as ruas.
Que se Lixe
a Troika! Queremos as nossas Vidas!
É preciso fazer qualquer coisa de
extraordinário. É preciso tomar as ruas e as praças das cidades e os nossos
campos. Juntar as vozes, as mãos. Este silêncio mata-nos. O ruído do sistema
mediático dominante ecoa no silêncio, reproduz o silêncio, tece redes de
mentiras que nos adormecem e aniquilam o desejo. É preciso fazer qualquer coisa
contra a submissão e a resignação, contra o afunilamento das ideias, contra a
morte da vontade colectiva. É preciso convocar de novo as vozes, os braços e as
pernas de todas e todos os que sabem que nas ruas se decide o presente e o
futuro. É preciso vencer o medo que habilmente foi disseminado e, de uma vez
por todas, perceber que já quase nada temos a perder e que o dia chegará de já
tudo termos perdido porque nos calámos e, sós, desistimos.
O saque (empréstimo, ajuda, resgate,
nomes que lhe vão dando consoante a mentira que nos querem contar) chegou e com
ele a aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento
exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades
sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na
segurança social, na educação, na saúde (que se pretende privatizar acabando
com o SNS), na cultura e em todos os serviços públicos que servem as populações,
para que todo o dinheiro seja canalizado para pagar e enriquecer quem especula
sobre as dívidas soberanas. Depois de mais um ano de austeridade sob
intervenção externa, as nossas perspectivas, as perspectivas da maioria das
pessoas que vivem em Portugal, são cada vez piores.
A austeridade que nos impõem e que
nos destrói a dignidade e a vida não funciona e destrói a democracia. Quem se
resigna a governar sob o memorando da troika entrega os instrumentos
fundamentais para a gestão do país nas mãos dos especuladores e dos
tecnocratas, aplicando um modelo económico que se baseia na lei da selva, do
mais forte, desprezando os nossos interesses enquanto sociedade, as nossas
condições de vida, a nossa dignidade.
Grécia, Espanha, Itália, Irlanda,
Portugal, países reféns da Troika e da especulação financeira, perdem a
soberania e empobrecem, assim como todos os países a quem se impõe este regime
de austeridade.
Contra a inevitabilidade desta morte
imposta e anunciada é preciso fazer qualquer coisa de extraordinário.
É necessário construir alternativas,
passo a passo, que partam da mobilização das populações destes países e que
cidadãs e cidadãos gregos, espanhóis, italianos, irlandeses, portugueses e
todas as pessoas se juntem, concertando acções, lutando pelas suas vidas e
unindo as suas vozes.
Se nos querem vergar e forçar a
aceitar o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida,
responderemos com a força da democracia, da liberdade, da mobilização e da
luta. Queremos tomar nas nossas mãos as decisões do presente para construir um
futuro.
Este é um apelo de um grupo de
cidadãos e cidadãs de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos.
Dirigimo-nos a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações,
organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e
partidárias.
Dividiram-nos para nos oprimir.
Juntemo-nos para nos libertarmos!
in http://queselixeatroika15setembro.blogspot.pt/