Nas aldeias e cidades.... Nos montes, isolados, nos campos agrícolas... sózinhos...nas quintas... sem verem ninguém, sem terem alguém que lhes fale ou sequer afague o pelo... nos quintais sombrios de sombria gente... nas varandas ... nas marquises... Cães que nunca são soltos desde que nasceram até à hora da morte... Desde que caíram em mãos e corações cruéis que os olham como se não existissem... Infelizmente, a muitos destes cães, sobretudo os que estão em terrenos/moradias das cidades, até coleiras que lhes desferem choques elétricos já têm, para que não possam ladrar!
Meu Deus, quando é que o Homem deixa os animais em paz?
Uma crueldade. Uma tortura para os animais. Uma dor e angústia horrível para quem os vê assim e não os consegue libertar desta morte lenta.
Dê voz a quem não pode exprimir a dor de passar a vida acorrentado!
Indigne-se.
Denuncie.
Obrigada.
Nazaré Oliveira
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CARTA DE UM CÃO ACORRENTADO*
Querido
dono:
Consegui que escrevessem esta carta por mim! Nem sabes a alegria que
sinto por poder comunicar contigo! Todos os dias, desde aquele longínquo dia em
que me colocaste a corrente no pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho
que me venhas visitar e fazer festinhas como me fazias quando eu era um bebé.
Eu sonho que venhas conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes, mas
nem imaginas como adoro ouvir o som da tua voz! Eu sei que fiz algo de errado,
senão certamente não me terias colocado aqui. Desculpa! Não quero ser exigente
mas começa a doer ter esta corrente atada ao meu pescoço... Às vezes tenho o
pescoço dormente, e outras vezes tenho muita comichão e nem consigo coçar!
Sinto o seu peso todos os dias... o peso da solidão que me prende. Tenho
vontade de esticar as pernas e correr... e como eu gostava de poder fazer isso
contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí eu podia mostrar-te como sou
rápido a correr e como as trazia rapidamente. Gostava de poder ver o que tu
vês... o mundo lá fora é muito grande? E existem outros como eu? Às vezes tenho
sede e alguma fome mas eu aguento porque sei que assim que puderes virás dar-me
água e comida, sei que fazes o que podes, eu não quero incomodar, mas sabes,
por vezes gostava de ter um pouco da tua companhia. Sei que talvez alguém te
tenha dito que eu não tenho sentimentos, mas olha que é mentira! Nem imaginas
quanta alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige a mim. Nem sabes quanta
tristeza e solidão sinto nas longas horas em que não vejo ninguém. Nem sabes o
medo que por vezes sinto aqui sozinho no inverno, e tenho tanta vontade de
estar perto de ti. Só queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama
quente no inverno e um local fresco no verão e uma festa tua no meu velho lombo.
Eu sei que um dia tu irás chegar aqui, tirar-me a corrente e dar-me tudo isto,
até lá eu fico quieto à espera. Só não demores muito meu dono, porque estou a
ficar velho e começo a ver e ouvir mal. Faltam-me forças e não quero ir sem
viver um pouco contigo!
* in http://sic.sapo.pt/Programas/SOS_Animal/2014-02-10-carta-de-um-cao-acorrentado---uma-carta-emotiva