O que aconteceu aos 30 milhões de meninas "desaparecidas" na
China?
Investigadores acham que
"encontraram" os milhões de raparigas desaparecidas das estatísticasDois investigadores acreditam ter
encontrado a resposta para os 30 milhões de raparigas "desaparecidas"
na China. Especialistas em demografia apontam muitas vezes para o
desaparecimento de 30 a 60 milhões de mulheres nas estatísticas populacionais
chinesas, um buraco que se pensa ter surgido devido à política do filho único e à preferência por filhos do sexo
masculino.
O recenseamento chinês de 2010,
por exemplo, mostra que para cada 100 mulheres nascem 118 homens, uma proporção
muito diferente do resto do mundo, em que os números são 105 para 100.Assim, práticas de aborto
seletivo de meninas ou negligência no tratamento das bebés do sexo feminino são
muitas vezes apontadas como as possíveis causas deste desequilíbrio. Mas dois
investigadores avançam a hipótese de este buraco ser meramente formal, ou seja,
de milhões de bebés do sexo feminino simplesmente não terem sido registados."A maior parte das pessoas
diz que o aborto ou o infanticídio são as razões" pelas quais estas
raparigas não aparecem nos censos e que elas não existem.
"Mas nós achamos
que há uma explicação política", diz John Kennedy da Universidade do Kansas,
nos EUA, num artigo publicado no site da instituição.Kennedy e o colega chinês Shi
Yaojiang tropeçaram nesta teoria quando faziam trabalho de campo numa província
do norte da China em 1996 e conheceram um homem com um filho e duas filhas, que
se referia à do meio como a "inexistente". A menina nunca tinha sido
registada. Uma prática que, perceberam depois, era comum na região - as autoridades
locais fechavam os olhos em troca de paz social, argumentam.
Comparando a número de bebés
nascidos em 1990 com o número de homens e mulheres com 20 anos em 2010,
descobriram mais quatro milhões de pessoas - e um milhão de mulheres a mais.
"Se revirmos 25 anos, é possível que existam mais 25 milhões de mulheres
nas estatísticas que não estavam lá no nascimento", defende Kennedy.
Só em 2015 a política do filho
único foi abolida, sendo que
desde os anos 80 que era permitido ter um segundo filho se o primeiro fosse uma
menina.