Estive ontem
na Igreja da Encarnação ao Chiado a ouvir o testemunho da Irmã Guadalupe. Esta
freira é missionária e esteve em Aleppo nos últimos anos. Nos últimos tempos
tem percorrido o mundo a alertar para a situação que se vive naquela cidade.
É
impressionante ouvir o testemunho da irmã e perceber a gravidade da campanha de
desinformação de que temos sido alvos no Ocidente. Todos os políticos e media
ocidentais vendem a guerra Síria como uma luta dos rebeldes pela liberdade
contra o tirânico governo de Assad.
A verdade é
que Assad é dos poucos líderes laicos daquela região. A Síria é dos poucos
países com liberdade religiosa, onde as mulheres tinham direitos (incluindo a
andar de cabeça de descoberta!!) e com total estabilidade.
Os
"rebeldes" não lutam por uma maior democracia, mas por uma teocracia,
um estado islâmico, onde só o Corão é lei. Os "rebeldes", que na sua
maioria nem sírios são, pertencem a grupos extremistas islâmicos, como a
Al-Nursa (o braço da Al-Queida na Síria e berço do Estado Islâmico) e a
Irmandade Muçulmana.
Ouvir a irmã
Guadalupe força-nos a tomar consciência do sangue que está nas mãos do Ocidente
quando decidiu ignorar, não apenas as consequências de uma guerra travada por
bárbaros, mas a perseguição sistemática aos cristãos na Síria levada a cabo por
grupos armados e financiados pelos países "democráticos".
Em nome de
interesses políticos e de jogos diplomáticos o Ocidente ignorou o extermínio
dos cristãos sírios. Crianças, mulheres grávidas, idosos torturados e mortos
sem ter quem os defendesse. As cabeças expostas nas praças sírias, os corpos
exibidos em cruzes, os mercados de escravos. Tudo isto foi ignorado com o único
objectivo de remover Assad, qualquer que fosse o custo a pagar.
Porque não,
não é apenas os Estado Islâmico que promove estes actos bárbaros, mas também
grupos de rebeldes apoiados e armados pelo Ocidente (para além disso, o Estado
Islâmico só existe na Síria por causa do enfraquecimento do governo, por isso
também pelos seus actos o Ocidente é responsável).
Durante a
campanha eleitoral americana ouvimos muitas vezes que Trump podia conduzir o
mundo a uma guerra mundial. Isso não sei, esperemos que não. O que sabemos é
que Clinton e a administração Obama, patrocinaram o genocídio dos cristãos
sírios, assim como o martírio de todo aquele povo. Sobre isso nenhum
jornalista, nenhum politólogo, nenhum comentador falou. Preferem todos atacar
Vladimir Putin, que com todos os defeitos, foi quem garantiu que a Síria não
ficasse entregue a terroristas islâmicos. Quando oiço comentar o perigo da aproximação
entre Trump e Putin o meu primeiro pensamento é de que pode ser que finalmente
os americanos deixem o povo Sírio em paz.
O sangue dos
inocente de Aleppo, dos inocentes de toda a Síria, clama por justiça! Diante de
uma sociedade hipnotizada pela comunicação social é urgente proclamar esta
verdade: A Síria precisa de paz e a paz, neste momento, só é possível com a
derrota do Estado Islâmico e dos rebeldes. Apoiar os rebeldes é continuar a
apoiar a morte de inocentes, é continuar a apoiar o genocídio dos cristãos
sírios.
A Irmã
Guadalupe ontem pedia só duas coisas: oração e difusão. Rezemos e não cessemos
de gritar ao mundo o que hoje mesmo está a acontecer aos nosso irmãos em
Aleppo.