intervenção na AR do deputado Nuno Serra PSD
Foi assim a intervenção do deputado
do PSD, Nuno Serra que, ao serviço do lobby tauromáquico, saiu em defesa das
famílias de ganadeiros ao dizer que os anti-touradas perseguem essas famílias
privilegiadas pelo Estado português, as quais vivem à custa dos impostos que a
esmagadora maioria dos portugueses paga com grande sacrifício, num tempo em que
o nosso pobre país está à míngua na área da Saúde, da Educação, do Ensino e
daquela Cultura que eleva o Ser Humano.
Quanta falácia, senhor Nuno Serra, ao
acusar o PAN, o BE e o PEV de “perseguirem” os aficionados de touradas por
“preconceito ideológico” e sugerir-lhes que defendam o corte de subsídios a
filmes violentos para com as pessoas, confundindo “filme” com “cruel
realidade”, como se as touradas fossem uma ficção, como se ao defenderem as
touradas não estejam a esmagar a sensibilidade de milhares de portugueses a
quem dói a tortura de um animal, que é um animal como qualquer um de nós.
Nesta matéria ninguém persegue
ninguém. E muito menos por preconceito ideológico. Aqui defende-se o direito à
Vida, extensivo a todos os animais portugueses, sejam humanos ou não humanos.
Nós limitamo-nos a denunciar o vosso vergonhoso servilismo a uma minoria que
cria Touros, com o único objectivo de os torturar e matar para satisfazer um
mero prazer mórbido, com o dinheiro dos nossos impostos.
E isto é imoral. É um insulto á
inteligência dos portugueses. É uma agressão ao bom senso. É um modo vil de
fazer política.
Naquela quarta-feira de má memória
(dia 20 de Junho de 2016) o PSD, CDS/PP, PCP e o PS (à excepção dos socialistas
Eurico Brilhante Dias, Paulo Trigo Pereira, Alexandre Quintanilha, António
Sales, António Cardoso e Filipe Neto Brandão) chumbaram os projectos de lei do
PAN, BE e PEV que proibiam a utilização de dinheiros públicos ou o
financiamento público directo ou indirecto ou ainda o apoio institucional à
realização de touradas ou iniciativas que inflijam sofrimentos inúteis ou
provoquem a morte de animais não humanos, para divertir os sádicos.
O PAN, o BE e o PEV na intervenção
que fizeram criticaram, e muito bem, o aspecto “bárbaro e a violência brutal e
explícita” da actividade tauromáquica (à qual me recuso a chamar “espectáculo”,
por ser um insulto à Arte) bem como a “insensibilidade” de quem participa
nessas actividades, de quem a promove, a aplaude ou a apoia financeira ou
institucionalmente.
Um Estado que se preze não pode
servir-se do dinheiro dos contribuintes para servir o lobby tauromáquico e com
isso promover actividades que se baseiam na violência e na crueldade para com
indefesos animais sencientes.
Têm a noção de que a prática desses
actos bárbaros contra animais sencientes não humanos são semelhantes aos
praticados contra uma criança humana?
E isto é do foro das aberrações. E
inadmissível, em pleno terceiro milénio depois de Cristo. Mas o mais curioso é
que nem no terceiro milénio antes de Cristo, os homens que então povoavam a
Terra, tinham tão baixos e tão cruéis instintos.
Os deputados da direita, onde podemos
incluir os do PS (à excepção dos já referidos deputados) e os do PCP (que se
dizem de esquerda, mas para o ser têm de parecer) apresentaram aqueles
argumentos do costume, baseados numa mentira apregoada há séculos e que, para
as mentes empancadas, soa como uma verdade, de tanto a repetirem, e de tanto se
recusarem a ver o óbvio:
1 - “Tradição cultural”,
esquecendo-se de que a tauromaquia não é uma tradição (as tradições dignificam
o Homem); é apenas um costume bárbaro, sanguinário, perverso, e muito menos é
cultural, pois de cultura, a tortura de um ser vivo nada tem, a não ser que
falemos da “cultura dos broncos”;
2 - “Factores identitários
regionais”, como se a tortura fosse algo que pudesse “identificar” um povo
civilizado. Se falamos de terriolas com um descomunal atraso civilizacional, aí
sim, é com toda a certeza, um factor identitário desse atraso.
3 – “Valores estéticos”. Saberão os
deputados da nação os que são valores estéticos? Estaremos a falar de harmonia
e beleza? Poderá na sangrenta tauromaquia, nos gritos dos Touros e dos Cavalos
(abafados pelos “Passe Doble”) haver beleza e harmonia? Só um sádico poderá ver
beleza no sofrimento atroz de um animal.
4 - “Questões turísticas e
económicas”. Turísticas? Ainda haverá alguém em Portugal que ache (porque
pensar não sabem) que um turista (refiro-me dos turistas a sério, não nos
“turistas de garrafão”, sempre os mesmos, que se deslocam nos autocarros
camarários, até às terriolas tauricidas, para fazer de conta que enchem as
arenas) visita um país como Portugal e gasta o seu rico dinheirinho para ver
torturar animais? Só mesmo os alienados acham que sim. E quanto à “economia” os
únicos que ganham dinheiro com isto são os ganadeiros e quem os apoiam, e mesmo
assim já estão a ver-se aflitos. Por isso, desesperam pelos subsídios estatais.
Joana Lima, deputada do PS, defendeu
ser a tauromaquia uma actividade “lícita” e “devidamente regulamentada”,
esquecendo-se que isso não significa que tal actividade não seja altamente
reprovável à luz da Razão, da Ética, da Civilização, da Cultura Culta, até
porque essas vergonhosas licitude e regulamentação provém da aprovação de
legisladores subservientes ao lobby tauromáquico.
E quanta falácia essa de dizer que e
a proibição às autarquias de financiarem esta actividade seria uma
“interferência na autonomia do poder local” por parte da Assembleia da
República! Quantas vezes a AR não interferiu na autonomia do poder local,
noutras questões? Ou a senhora Joana Lima acha que somos todos parvos?
Vânia Dias da Silva, deputada do
CDS/PP, por sua vez, falou em “intolerância” e de tentativa de “cercear as
liberdades” através de políticas proibicionistas, como se proibir a tortura de
seres vivos não fosse o dever de qualquer governante bem-intencionado e que
zelasse pelos reais interesses de uma Nação, se a quisesse ver no rol dos
países evoluídos!
Por fim, o PCP, através da deputada
Ana Mesquita fazendo política de direita, deu-lhe para recordar os exemplos de
“tradições” tauromáquicas classificadas como património, como a capeia raiana
(património da estupidez, refira-se), de um tempo onde imperava o obscurantismo
e a mais profunda ignorância, e chegou até a defender esta coisa inacreditável:
a necessidade de “aprofundamento do debate sobre as alternativas”.
Quais alternativas? Qual
aprofundamento? Qual debate?
Não há nada que aprofundar. Não há
nada que debater. Não há nada para alternar (os ganadeiros que emigrem ou vão
trabalhar no campo para ter o que comer).
A única alternativa aceitável é
abolir esta prática primitiva de broncos, para broncos, que não dignifica
Portugal.
Porque a tauromaquia é simplesmente a
arte dos brutos.
E para quem não gosta da palavra
bronco, devo dizer que é um vocábulo bem português e significa: tosco,
grosseiro, obtuso, rude, boçal, incivilizado, inculto, cruento…
E tudo isto, na verdade, aplica-se à
tauromaquia, uma prática tosca, grosseira, obtusa, rude, boçal, incivilizada,
inculta, cruenta, que a maioria dos deputados da Nação defende, demonstrando a
monumental mediocridade que paira sobre o Palácio de São Bento (e isto para ser
delicada).
Isabel Ferreira no seu blogue http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/tag/tauromaquia
Já agora, vejam isto:
http://www.vidanimal.org/corte-dos-subsidios-a-tauromaquia-saiba-como-votaram-os-eurodeputados-portugueses/
Isabel Ferreira no seu blogue http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/tag/tauromaquia
Já agora, vejam isto:
http://www.vidanimal.org/corte-dos-subsidios-a-tauromaquia-saiba-como-votaram-os-eurodeputados-portugueses/