sábado, 10 de janeiro de 2015

A selvajaria tauromáquica que o Estado Português legitima

 

 
O que se segue é a descrição nua e crua da selvajaria tauromáquica que o Estado Português legitima numa lei desumana e inconstitucional.

 OS TOUROS



O que talvez os governantes e o público não saibam…
  
Vive uns 4 anos na campina na boa companhia de outros da mesma espécie em espaço largo e com razoáveis condições. Passará por momentos difíceis, Desenvolve-se.

Um dia é escolhido para a lide numa tourada.

Apartam-no violentamente, com ou sem medicação, com ou sem uso do bastão eléctrico, para uma manga, e enfiam-no numa caixa apertada onde mal se pode mexer. 
O stress da claustrofobia é tremendo, ao passar da liberdade e tranquilidade da campina para o caixote onde fica confinado, brutalmente afastado da companhia importante dos outros bovinos a que o ligam laços emotivos fortes. 
A seguir acresce a ansiedade/pânico provocados pelo transporte. 
Depois a espera, provavelmente, com pouco ou nenhum alimento e bebida.  
Talvez sendo injectado, a ponta dos cornos será cortada até ao extremo vivo e muito enervado, ficando extrema e dolorosamente sensível ao contacto. 
Para não sangrar cauterizam a sangue frio. 

Há touros que não resistem a esta operação. Sofre outras acções destinadas a fatigá-lo, debilitá-lo, retirar-lhe capacidade para a lide. 

Mais tarde, a condução ao curro da praça de touros. 
Empurrado depois para a arena,  beco cruel sem saída, suportando logo o enorme alarido, que ainda o assusta mais.
Depois a provocação, o engano, o cravar dos ferros, que o ferem e magoam terrivelmente, através da pele, de aponevroses, de mais ou menos músculos, atingindo tendões e, por vezes até pleura e pulmão (meu testemunho) e o fazem sangrar e sofrer. 

Tudo isto o enfurece, magoa, deprime e esgota. Depois é retirado com as “chocas”. 

Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados sem anestesia, arrancados ou por corte do couro. 

Depois o sofrimento cresce pela dor provocadas pelos ferimentos, infectando e provocando-lhe febre, ficando animicamente derrotado, até que o abate o liberte de tamanho sofrer. 
Desgraçada vítima dos chamados humanos, “corrida” e torturada unicamente para diversão de aficionados, alimentar de vaidades, de negócios de tauromáquicos e no prosseguimento de uma cruel tradição

É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando tauromáquicos e ganadeiros afirmam serem as pessoas que mais gostam dos touros. 

Deixam-nos viver eventualmente bem durante cerca de 4 anos, para que então sejam torturados na tourada e abatidos em sofrimento uns dias a seguir, em vez de viverem no seu meio natural os 20 anos em média da sua expectativa de vida. 

Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.


PERCURSO DO CAVALO USADO PARA TOUREIO





 É um animal de fuga, que procura a segurança e que a atinge pondo-se à distância daquilo que desconfia ou que considera ser perigoso.

Defende-se do agressor próximo com o coice e por vezes com a sapatada do membro anterior, se for mais afoito ou considerar o perigo menor. 

No treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro com os ferros na boca, mais ou menos serrilhados, puxados pelas rédeas e actuando sobre as gengivas (freio ou bridão – este, com acção de alavanca, ambos apertados contra as gengivas e língua por uma corrente de metal à volta do maxilar inferior – barbela), elementos castigadores. 

Em alternativa pode ser usado o “hackamore”/serrilha exterior à boca actuando contra o chanfro e também submetido à acção de alavanca. 

O cavalo é incitado pela voz e por outras acções, chamadas de “ajudas”, como sejam de esporas que são cravadas provocando muita dor e até feridas sangrentas. 

Calcule-se o sofrimento físico e psicológico do cavalo que por vezes lhe provoca a morte em plena tourada por síncope cardíaca. 

Ele é impelindo para a frente para fugir à acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam e a voltar-se ou travar pela dor na boca e pelo inclinar do corpo do cavaleiro. 

Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca. Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa, de ferimento e de morte, e quase o faz abstrair disso. 
É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando cavaleiros tauromáquicos afirmam gostarem muito dos seus cavalos e lhes quererem proporcionar o bem-estar. 

Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.






Dr. Vasco Reis (Médico Veterinário)