O The Economist, dia 27.11 2014,
publicou na sua edição on-line este texto, acompanhado do vídeo que aqui
também apresento:
“Since 1990, the
number of people defined as the world’s poorest group – living on less than
$1.25 per day – has halved. But hunger levels have only gone down by a fifth.
The prevailing wisdom is that to eliminate nutrition problems we had to produce
more food and facilitate access to it. So now that fewer people live in extreme
poverty, why haven't malnutrition rates gone down accordingly?"
O gravíssimo problema da Pobreza, da Extrema
Pobreza, persiste e persistirá, enquanto as políticas continuarem a
considerar o primado da Economia sobre tudo e sobre todos e não priorizarem os
problemas pela sua dimensão ética e moral e enquanto continuarem a ver o ser
humano integrado numa visão claramente tecnocrática, redutora, tantas vezes
maniqueísta e trucidada por uma estatística que não tem colaborado para a
resolução dos problemas, antes, os tem iludido, adiado ou sinalizado como se de uma
inevitabilidade a Pobreza se tratasse.
Na nossa sociedade, particularmente a sociedade pós industrial cujas penosas consequências continuam a verificar-se no eterno e terrível diálogo Norte-Sul e no constante neocolonialismo a que têm continuado sujeitos povos martirizados, quer por ditadores locais e aspetos culturais tradicionais opressivos que continuam a impôr, quer pela continuada posição do capitalismo selvagem que, com relações internacionais à sua medida e numa clara falta de rigor e de ética política, insistem na delapidação das riquezas naturais dos que as têm mas não as conseguem rentabilizar, continuando-se o eterno problema dos países cuja população morre de fome à espera de investimentos locais e ajudas que privilegiem a sustentabilidade dos seus recursos e não o aumento da dívida externa que os consome e os destrói e a isso os obriga.
Por isso é que os números da pobreza não
param de crescer ou se disfarçam em atraentes análises numérico-estatísticas
que tantas vezes "separam a fome da subnutrição".
Mas o drama da fome é também o da
subnutrição. Infelizmente.
Gente incompetente e insensível, esta, que
tem governado quase por todo o mundo ao arrepio dos mais elementares Direitos
Humanos, fingindo que isto assim não vê ou vendo mal que isto existe.
Gente cínica, políticos cínicos e cínicas
políticas que continuam a não querer ver o óbvio quando o óbvio é a dor a fome e a pobreza e se arrasta dolorosamente e até silenciosamente por corpos que já não falam não gritam não mentem nem sequer já vivem.
Querer acabar com a pobreza não pode ser somente, como tem sido até aqui, pedir e recolher alimentos e distribuí-los.
Querer acabar com a pobreza é, antes de mais, querer evitá-la. Através de políticas que pugnem pela defesa inequívoca da dignidade do ser humano através do Trabalho, da Educação e da Justiça Social.
Querer acabar com a pobreza é, antes de mais, querer evitá-la. Através de políticas que pugnem pela defesa inequívoca da dignidade do ser humano através do Trabalho, da Educação e da Justiça Social.
Não podemos continuar pelo mundo fora a
planear sistematicamente um combate que todos conhecem mas que só alguns
enfrentam com seriedade como alguns voluntários, missionários, ONGs.
Os que mais precisam, famintos, doentes, desempregados, os sacrificados de sempre, continuarão à nossa espera nesse vasto e terrível campo de batalha que é a Pobreza. E continuarão a morrer, lentamente, até ao dia em que cairão de vez no sono eterno de uma morte injusta.
Nazaré Oliveira