Espero muito mais das Universidades, dos Reitores e do Ministro. A solução não pode ser deixar de conversar, não apresentar razões e forçar decisões, cortar relações ou, sequer, fazer qualquer tipo de pressão deste tipo. Portugal precisa de conversar e debater o que quer para o futuro. Sem dogmas e sem verdades feitas. Tem mesmo de repensar a sua vida. E isso faz-se falando, discutindo, confrontando argumentos, envolvendo a população.
Cortar relações
é um comportamento inaceitável a este nível.
Não esclarecer
ou não clarificar devidamente, as vezes que forem necessárias, as razões de uma
medida, mesmo que seja de emergência, é também incompreensível.
Não debater,
envolvendo todos, é repetir no erro.
Qual erro?O erro que temos vindo a perpetuar.
Tudo em Portugal é feito em circuito fechado. Com uns quantos, tidos como elites
em cuja sabedoria é suposto que confiemos. E tem sido assim, sempre assim.
Mesmo quando verificamos que as elites nos lixam, e pensam é nelas, nos seus
grupos de pressão e na interminável lista de “compromissos” que foram
coleccionando. Mesmo quando, finalmente, verificamos que aquilo que “idealizam”
não tem nada a ver com a realidade, a tal que eles nunca conheceram devidamente
porque nunca se preocuparam com isso, mas sobre a qual teorizam e decidem, até
porque nós também falhamos com o nosso espírito crítico e embarcamos nas
facilidades do momento. Mesmo quando verificamos que não são, em muitos
casos, elites nenhumas, quer porque são muito novos, ou não sabem nada, ou não
têm experiência, ou não têm cultura democrática, ou porque são egocêntricos, ou
porque são tudo isso ao mesmo tempo, ou, infelizmente, porque as suas atitudes
mostram que não passam de meninos/meninas grandes que nunca cresceram e não têm
a dimensão humana, cívica, cultural, de Estado que se exige a quem tem de estar
sempre, mas sempre, com os olhos postos no horizonte.
Dizem-nos
depois, quando as coisas correm mal, que é preciso MUDAR, deitar fora e fazer
de novo, porque afinal estava mal, estava errado, não foi bem pensado. E
iniciam um processo interminável de apontar o dedo e enjeitar
responsabilidades.
Da minha parte
estou farto disto.
Não aceito que
mexam uma vírgula na Constituição Portuguesa sem debate, sem envolver todos,
sem uma forte mobilização do país.
Não aceito que
comprometam mais, e ainda mais, o futuro deste país sem um amplo debate
nacional sobre o que queremos ser, para onde queremos ir e sobre as opções
reais que temos.
Não aceito
verdades feitas, nem factos consumados.
Não aceito que
uns garotos, sem mundo e sem vida, me digam que só há um caminho. Eu sei, de
vida feita e experiência vivida, que há sempre vários caminhos. E várias
consequências e vários riscos.
Por isso,
espero dos Reitores, da Universidade e do Ministro Crato um comportamento
exemplar que tenha sempre, mas sempre, a porta do diálogo escancarada.
Por favor não contribuam para um Estado de Loucura.
O que todos
neste processo têm pela frente é um enorme e doloroso desafio. Que têm de
enfrentar, reorganizando, tornando mais eficiente e diversificando fontes de financiamento.
Colocar esse desafio, de forma correta e contratualizada, é a obrigação do
Governo que sabe muito bem que tem na Universidade, e na sua capacidade de
inovar e de, efectivamente, mudar, um dos seus maiores e melhores motores.
Espero do
Ministro Crato esse desafio, proposto, negociado e contratualizado
olhos-nos-olhos com as Universidades e o país. É agora o momento.