Impressionante esta sacanagem constante aos direitos, liberdades
e garantias individuais, institucionalmente apoiada por quem desavergonhadamente
se tem servido do poder e da governação para singrar na política, má política
fazendo!
Apoiam-se fundações fantasmas, gabinetes fantasmas, gestores públicos
sem escrúpulos mas com salários milionários, mordomias, impunidades e benesses oficiais
de toda a ordem e feitio a quem do estado se serve ou serviu, esbanjamento do
erário público escandalosamente diluído em orçamentos despudoradamente
apresentados como inevitáveis e urgentes, apropriação e distribuição de cargos
e títulos à boa maneira absolutista e até a manutenção de “lugares cativos” na
Política, como se a Política ou a participação na Política um dever não seja ou
deva ser, ao serviço do bem comum e do país, ontem como hoje e sempre.
A troika não vê isto nem outras situações de
descalabro financeiro e até moral que têm inundado este país, como ervas
daninhas, e constituído uma ofensiva brutal aos direitos legitimamente conquistados
pelos trabalhadores deste país… porque
não quer ver. Melhor, só tem visto o que lhe interessa e só tem ouvido, de
forma tendenciosa, claro, uma das partes, exatamente a parte que defende a
manutenção destas situações e que, cobarde e impunemente contribuem para que este
cada vez maior abismo entre quem trabalha e quem goza com o trabalho dos outros
se agigante cada vez mais.
Que se esconde? Que se quer continuar a fingir que não existe ou
não se sabe que existe? Onde estão os documentos “negociados” com a troika? Em
que moldes foram apresentadas as situações e os problemas e que tipo de
soluções foram propostas?
Ouviram-se, efetivamente, os parceiros sociais? Teve-se em
conta, efetivamente, esses parceiros sociais? Comprometeram-se os partidos com
assento na AR, particularmente, o PS, também ele fator de instabilidade causada
pelo seu anterior governo? Ouviram-se, efetivamente, os outros partidos com
assento na AR?
“Andámos” a fazer de conta muitos anos mas, agora, já nada disso
conta nem mesmo fazer de conta!
Entrámos no descalabro
total com os últimos governos que temos tido. Uma vergonha: fascizantes,
medíocres, atentatórios das conquistas de um povo amordaçado que no dia 25 de
Abril de 1974 pensou ter-se livrado de vez dos vampiros políticos e dos ladrões
engravatados!
Senhor primeiro-ministro,
senhores ministros, senhores deputados, senhor presidente da República, senhores
ex-presidentes da República, senhores da Igreja Católica, senhores militares, “doutores”
deste país: o desespero do nosso
povo, que da vida só trabalho conhece e dores tem sentido, entrou no limite da
sua capacidade de resistência!
Não vêem isso? Não sentem isso? Não vêem porque não querem ver e
não sentem porque a crise nunca vos afetou nem afetará. Tal como à troika.
O povo saiu à rua dia 15
deste mês. Contra a injustiça social, a fome e a miséria que grassam por aí,
assustadoramente, e contra as políticas antidemocráticas que já comprometem a nossa soberania.
A sua luta será imparável
como imparável deve ser a defesa das conquistas de Abril e da nossa
Constituição.
Como tanto se ouviu (e ainda bem) na
fantástica manifestação de Lisboa daquele dia, na qual participei, O POVO UNIDO
JAMAIS SERÁ VENCIDO mas, por favor, não consintamos mais que subvertam e se
apropriem da decisão popular legitimada pelo seu voto, mentindo, ludibriando e abusando de todos os que a custo continuam a
sobreviver e a lutar por aquilo a que têm direito: DIGNIDADE, JUSTIÇA
E OPORTUNIDADES IGUAIS PARA TODOS.
Fascismo? Nunca mais!
Bastou. Basta!
Nazaré Oliveira