sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A sacanagem política ou a política da sacanagem


Impressionante esta sacanagem constante aos direitos, liberdades e garantias individuais, institucionalmente apoiada por quem desavergonhadamente se tem servido do poder e da governação para singrar na política, má política fazendo!

Apoiam-se fundações fantasmas, gabinetes fantasmas, gestores públicos sem escrúpulos mas com salários milionários, mordomias, impunidades e benesses oficiais de toda a ordem e feitio a quem do estado se serve ou serviu, esbanjamento do erário público escandalosamente diluído em orçamentos despudoradamente apresentados como inevitáveis e urgentes, apropriação e distribuição de cargos e títulos à boa maneira absolutista e até a manutenção de “lugares cativos” na Política, como se a Política ou a participação na Política um dever não seja ou deva ser, ao serviço do bem comum e do país, ontem como hoje e sempre.

A troika não vê isto nem outras situações de descalabro financeiro e até moral que têm inundado este país, como ervas daninhas, e constituído uma ofensiva brutal aos direitos legitimamente conquistados pelos trabalhadores deste país… porque não quer ver. Melhor, só tem visto o que lhe interessa e só tem ouvido, de forma tendenciosa, claro, uma das partes, exatamente a parte que defende a manutenção destas situações e que, cobarde e impunemente contribuem para que este cada vez maior abismo entre quem trabalha e quem goza com o trabalho dos outros se agigante cada vez mais.

Que se esconde? Que se quer continuar a fingir que não existe ou não se sabe que existe? Onde estão os documentos “negociados” com a troika? Em que moldes foram apresentadas as situações e os problemas e que tipo de soluções foram propostas?

Ouviram-se, efetivamente, os parceiros sociais? Teve-se em conta, efetivamente, esses parceiros sociais? Comprometeram-se os partidos com assento na AR, particularmente, o PS, também ele fator de instabilidade causada pelo seu anterior governo? Ouviram-se, efetivamente, os outros partidos com assento na AR?

“Andámos” a fazer de conta muitos anos mas, agora, já nada disso conta nem mesmo fazer de conta!

 Entrámos no descalabro total com os últimos governos que temos tido. Uma vergonha: fascizantes, medíocres, atentatórios das conquistas de um povo amordaçado que no dia 25 de Abril de 1974 pensou ter-se livrado de vez dos vampiros políticos e dos ladrões engravatados!

Senhor primeiro-ministro, senhores ministros, senhores deputados, senhor presidente da República, senhores ex-presidentes da República, senhores da Igreja Católica, senhores militares, “doutores” deste país: o desespero do nosso povo, que da vida só trabalho conhece e dores tem sentido, entrou no limite da sua capacidade de resistência!

Não vêem isso? Não sentem isso? Não vêem porque não querem ver e não sentem porque a crise nunca vos afetou nem afetará. Tal como à troika.

O povo saiu à rua dia 15 deste mês. Contra a injustiça social, a fome e a miséria que grassam por aí, assustadoramente, e contra as políticas antidemocráticas que  já comprometem a nossa soberania.

A sua luta será imparável como imparável deve ser a defesa das conquistas de Abril e da nossa Constituição.

Como tanto se ouviu (e ainda bem) na fantástica manifestação de Lisboa daquele dia, na qual participei, O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO mas, por favor, não consintamos mais que subvertam e se apropriem da decisão popular legitimada pelo seu voto, mentindo, ludibriando e abusando de todos os que a custo continuam a sobreviver e a lutar por aquilo a que têm direito:  DIGNIDADE, JUSTIÇA E OPORTUNIDADES IGUAIS PARA TODOS.

Fascismo? Nunca mais!

Bastou. Basta!

 

Nazaré Oliveira