quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Nelson Mandela


Há pessoas que nunca se esquecem e imagens que nos ficam para sempre.

Era pequenita, sim, mas ainda me lembro de ver lá em casa, no jornal, a foto de Mandela no dia em que entrara na prisão - jovem, muito jovem - com outra ao lado, já mais envelhecido, mas com o mesmo olhar, o mesmo sorriso.

E chocou-me ter sabido que esse fora o preço da sua luta pela liberdade e dignidade do povo sul-africano, dos negros sul-africanos, sistematicamente humilhados e violentados pelo terrível e monstruoso regime do apartheid.

Foi nesse dia que conheci e passei a admirar Nelson Mandela para sempre. A admirar a sua coragem e determinação, a sua inteligência, a sua bondade, a sua capacidade de entrega à luta pela liberdade e pelos direitos cívicos e políticos, sempre negados e roubados ao seu povo, de forma vil e desonesta, desumana e criminosa.

A 26 de Junho de 1961, o Dia da Liberdade dos opositores ao apartheid, Mandela, dirigindo-se à imprensa londrina, dizia aos seus compatriotas:

“Lutarei contra o governo, lado a lado convosco, metro após metro, milha após milha, até que seja alcançada a vitória. O que querem fazer? (…) Da minha parte, a decisão está tomada. Nem deixarei a África do Sul nem me renderei. A liberdade só pode ser alcançada através de sofrimento, sacrifício e acção militante. A luta é a minha vida. Lutarei pela liberdade até ao fim dos meus dias”.

Que palavras e que força, a deste homem, que cumpriu 10.000 dias de cativeiro!

O livro NELSON MANDELA, de Albrecht Hageman, editado pelo Expresso este ano e com prefácio do jornalista Mário Crespo, é um livro fabuloso e riquíssimo, quer para a história da vida de Mandela quer para a história do apartheid e da África do Sul.

E que ensinamentos dele retiramos!

No ano passado, no dia do seu aniversário, Mandela decidiu convidar antigos guardas prisionais da cadeia de alta segurança de Robben Island, onde esteve preso, sendo o seu carcereiro um dos convidados de honra.
É extraordinário este gesto de Nelson Mandela!

Quem conhece a minúscula cela onde viveu e sofreu longas penas diz que a sua capacidade de perdão é inesgotável.

Um grande ser humano que um dia dissera que em lutas e jogos com os da sua idade reconhecia que humilhar outra pessoa significaria submetê-la a um destino desnecessariamente cruel, e que aprendera desde pequeno a vencer o seu adversário sem o desonrar.

Mandela, que o teu exemplo permaneça para sempre! Como o dos meus pais, que, ainda pequenita, me falaram de ti.


Nazaré Oliveira



Obs.: Vale a pena ler, também, Um Longo Caminho Para a Liberdade, a autobiografia em que Nelson Mandela relata episódios incríveis da sua vida.