quinta-feira, 21 de julho de 2011

Há pessoas que envergonham os professores


Ainda o novo ministro da educação não tinha entrado na 5 de Outubro e já as críticas choviam sobre o mesmo. Críticas e adivinhações, pessimismos e alarmismos que, francamente, já mostraram não servir o debate sério sobre a Educação no nosso país, quanto mais a avaliação dos professores!

Certas pessoas, incluindo certos professores e certas figuras públicas, arautos da desgraça e da maledicência, cáusticos em tudo e mais alguma coisa mesmo quando pensam que o que parece verdade, verdade vai ser, aproveitam todas as oportunidades para denegrir quem quer colaborar e tentar harmonizar a situação a que se chegou nas escolas e na Educação, seja ministro ou professores que aguardam com alguma esperança uma viragem de qualidade no processo avaliativo.

Este país teve sempre muitas aves agoirentas, muita gente afoita à calúnia e coscuvilhice mas poucos verdadeiramente interessados em trabalhar a sério e em constituírem-se, também, peça-chave para um processo com esta dimensão e este impacto, que exige muito trabalho, sim, mas sobretudo muita sensatez da parte dos que em teoria são uma coisa e na prática “logo se vê”.

Falam por falar, sem pensar, procurando um mediatismo demasiado populista ou o protagonismo balofo e habitual que se lhes conhece, quer nas escolas, sindicatos, gabinetes e departamentos ministeriais, certos jornais ou certos canais televisivos.
Que mal causam à discussão pública e à própria classe!

Obstinadamente, muitos deles, entrincheirados que estiveram (e muitos ainda estão) em trabalhos meramente administrativos, CAEs, DRELs, Direcções Executivas, Sindicatos… continuam a apostar na inflexibilidade de posições e na manutenção de uma conflitualidade verbal que só tem prejudicado quem quer ter um modelo de avaliação justo e simplificado, mas que o quer efectivamente.

Irremediavelmente marcados pelo trabalho burocrático que desenvolveram ao longo de muitos anos e que preferiram em vez de dar aulas, afastados que estiveram (e estão) da verdade e realidade incontornável que é a sala de aula e o trabalho com os alunos, insistem na contestação de tudo e mais alguma coisa, pela simples razão de que tudo e mais alguma coisa lhes servirá para rejeitar um modelo de avaliação que, simples na forma mas exigente no conteúdo, traduza, através dos resultados dos alunos, a formação científica do professor e a sua capacidade de intervenção. 

E assim se vai arrastando o problema e agravando cada vez mais a carreira profissional dos que abraçaram a docência com dedicação e espírito de missão.

O mau ambiente nas escolas deixado por Maria de Lurdes Rodrigues, pelos seus secretários de estado, por Isabel Alçada e outros, continua visível e a provocar estragos, mas, não é justo haver quem só saiba criticar os outros quando sérios não sabem ser, tanto nas críticas como no seu desempenho!


De facto, nem todas as críticas que ouvimos são sérias do mesmo modo que nem todos os trabalhadores são profissionais seja qual for a sua área.
Muita coisa foi horrível, desnecessária. Desmotivou e desgastou. Sim. Faltou-se ao respeito e à verdade. Esvaziaram-se as escolas de vontade própria e degradaram-se as relações profissionais e até humanas entre os docentes.
No entanto, “ontem” como “hoje”, continua a haver professores que envergonham professores. Gente sem brio, sem postura cívica e cultural. Sem formação científica e muito pouca formação pedagógica. Gente cheia de esquemas e artificialismos à procura de um lugar na primeira fila, ainda que a primeira fila seja feita de mediocridade e aparências, bazófia e presunção.

Maus exemplos para as suas escolas e para os seus alunos, têm singrado com o apadrinhamento de certas políticas, certos políticos, certos governos, certos directores, certos avaliadores, certos relatores, certos coordenadores, certos subcoordenadores, certos amigalhaços e até certos conselhos de turma.

Para se ser professor e sobretudo bom professor, não basta querer sê-lo nem pensar que se é simplesmente porque se diz ser.

Para se ser professor, bom professor, não basta dizer que se é ou repetir aos outros que sabe que o é, quando são os alunos os seus avaliadores de facto, os únicos que o conhecem verdadeiramente como tal e dele sabem a verdade e por causa dele muitas vezes a omitem.

Escudados estrategicamente numa capacidade de oratória fácil mas de efeitos perversos e enganadores, estes professores também têm contribuído para a desmotivação de muito bons professores e para o mau ambiente nas escolas, pois, a continuar esta falta de rigor na avaliação, vão continuar a parecer aquilo que não são nem nunca serão e vão continuar a mostrar que, realmente, as aparências iludem e que nem tudo o que brilha é ouro!  

Têm dificultado o aparecimento de um modelo credível para a avaliação do desempenho dos docentes e, infelizmente, têm-se imposto (demasiadas vezes!) à custa da cegueira de um sistema que continua a permitir a avaliação por pares e de um país que se tem pautado pela falta de uma cultura de exigência em quase tudo.

Nazaré Oliveira