Ainda o novo ministro da educação não tinha entrado na 5 de Outubro e já as críticas choviam sobre o mesmo. Críticas e adivinhações, pessimismos e alarmismos que, francamente, já mostraram não servir o debate sério sobre a Educação no nosso país, quanto mais a avaliação dos professores!
Certas pessoas, incluindo certos professores e certas figuras públicas, arautos da desgraça e da maledicência, cáusticos em tudo e mais alguma coisa mesmo quando pensam que o que parece verdade, verdade vai ser, aproveitam todas as oportunidades para denegrir quem quer colaborar e tentar harmonizar a situação a que se chegou nas escolas e na Educação, seja ministro ou professores que aguardam com alguma esperança uma viragem de qualidade no processo avaliativo.
Este país teve sempre muitas aves agoirentas, muita gente afoita à calúnia e coscuvilhice mas poucos verdadeiramente interessados em trabalhar a sério e em constituírem-se, também, peça-chave para um processo com esta dimensão e este impacto, que exige muito trabalho, sim, mas sobretudo muita sensatez da parte dos que em teoria são uma coisa e na prática “logo se vê”.
Falam por falar, sem pensar, procurando um mediatismo demasiado populista ou o protagonismo balofo e habitual que se lhes conhece, quer nas escolas, sindicatos, gabinetes e departamentos ministeriais, certos jornais ou certos canais televisivos.
Que mal causam à discussão pública e à própria classe!
Obstinadamente, muitos deles, entrincheirados que estiveram (e muitos ainda estão) em trabalhos meramente administrativos, CAEs, DRELs, Direcções Executivas, Sindicatos… continuam a apostar na inflexibilidade de posições e na manutenção de uma conflitualidade verbal que só tem prejudicado quem quer ter um modelo de avaliação justo e simplificado, mas que o quer efectivamente.
Irremediavelmente marcados pelo trabalho burocrático que desenvolveram ao longo de muitos anos e que preferiram em vez de dar aulas, afastados que estiveram (e estão) da verdade e realidade incontornável que é a sala de aula e o trabalho com os alunos, insistem na contestação de tudo e mais alguma coisa, pela simples razão de que tudo e mais alguma coisa lhes servirá para rejeitar um modelo de avaliação que, simples na forma mas exigente no conteúdo, traduza, através dos resultados dos alunos, a formação científica do professor e a sua capacidade de intervenção.
E assim se vai arrastando o problema e agravando cada vez mais a carreira profissional dos que abraçaram a docência com dedicação e espírito de missão.
O mau ambiente nas escolas deixado por Maria de Lurdes Rodrigues, pelos seus secretários de estado, por Isabel Alçada e outros, continua visível e a provocar estragos, mas, não é justo haver quem só saiba criticar os outros quando sérios não sabem ser, tanto nas críticas como no seu desempenho!
Muita coisa foi horrível, desnecessária. Desmotivou e desgastou. Sim. Faltou-se ao respeito e à verdade. Esvaziaram-se as escolas de vontade própria e degradaram-se as relações profissionais e até humanas entre os docentes.
No entanto, “ontem” como “hoje”, continua a haver professores que envergonham professores. Gente sem brio, sem postura cívica e cultural. Sem formação científica e muito pouca formação pedagógica. Gente cheia de esquemas e artificialismos à procura de um lugar na primeira fila, ainda que a primeira fila seja feita de mediocridade e aparências, bazófia e presunção.
Maus exemplos para as suas escolas e para os seus alunos, têm singrado com o apadrinhamento de certas políticas, certos políticos, certos governos, certos directores, certos avaliadores, certos relatores, certos coordenadores, certos subcoordenadores, certos amigalhaços e até certos conselhos de turma.
Para se ser professor e sobretudo bom professor, não basta querer sê-lo nem pensar que se é simplesmente porque se diz ser.
Para se ser professor, bom professor, não basta dizer que se é ou repetir aos outros que sabe que o é, quando são os alunos os seus avaliadores de facto, os únicos que o conhecem verdadeiramente como tal e dele sabem a verdade e por causa dele muitas vezes a omitem.
Escudados estrategicamente numa capacidade de oratória fácil mas de efeitos perversos e enganadores, estes professores também têm contribuído para a desmotivação de muito bons professores e para o mau ambiente nas escolas, pois, a continuar esta falta de rigor na avaliação, vão continuar a parecer aquilo que não são nem nunca serão e vão continuar a mostrar que, realmente, as aparências iludem e que nem tudo o que brilha é ouro!
Têm dificultado o aparecimento de um modelo credível para a avaliação do desempenho dos docentes e, infelizmente, têm-se imposto (demasiadas vezes!) à custa da cegueira de um sistema que continua a permitir a avaliação por pares e de um país que se tem pautado pela falta de uma cultura de exigência em quase tudo.
Nazaré Oliveira