quinta-feira, 17 de agosto de 2017
quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Malditas touradas! Nas eleições, não votem em autarcas/partidos que defendem esta crueldade!
É A ISTO QUE CHAMAM
FESTA, ARTE E CULTURA?
Cambada de anormais!!!!!!
Perante esta imagem não
tenho de ser politicamente correcta.
Tenho direito a
indignar-me. Tenho direito a protestar. Tenho o dever de defender estes
infelizes animais herbívoros, biologicamente iguais a mim, que também sou um
animal e sofreria as mesmas dores se me fizessem o mesmo.
Como gostaria de poder
enterrar umas bandarilhas nos costados dos anormais que fazem isto, para que
soubessem o que é ser animal!
Cambada de
ignorantes!!!!!
Os tauricidas e criaturas
afins, manifestando uma descomunal ignorância, dizem por aí, à boca rota, que
os Touros não sofrem e o que lhes acontece nas arenas serve para os fazer crescer,
como se tivessem vida depois da tortura…
E dizem isto como se
estivessem a rezar o Pai-Nosso, que é o que mais causa repulsa.
Mas a culpa desta
estupidez não é dos estúpidos.
A culpa desta estupidez é
dos governantes que a apoiam e promovem e têm-na legislada.
As Ciências Biológicas
não dizem nada a esta “gente” desprovida de uma incapacidade nata para a
Literacia e o Raciocínio.
Não sei como conseguem
chegar ao alto cargo de governar uma nação. Chegam, porque existe um povo
acrítico que também deve milhares de euros à sapiência.
Se trazemos o tema à
discussão, os únicos argumentos que apresentam para “defender” esta prática
sangrenta é chamar-nos de fundamentalistas e mandar-nos ao psiquiatra, como se
fôssemos nós os psicopatas e sádicos que deliram com o sofrimento alheio; é
falar em “tradição”, como se isto fosse tradição; é chamar esta barbárie de
cultura portuguesa, como se a tortura tivesse alguma coisa a ver com cultura; é
chamar “arte” ao sangramento de um ser vivo.
É que nem para discernir
algo que até um lagarto sabe, que é a diferença entre o que é bom e o que é
mau, eles têm capacidade.
É triste termos
governantes assim tão malformados e deformados.
Há que penalizá-los nas
próximas eleições autárquicas.
Isabel A. Ferreira
2 DE AGOSTO DE 2017 in http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/e-a-isto-que-chamam-festa-arte-e-730111
Homenagem à avó
Luís Osório (autor) |
A mulher da minha vida
Soube da sua morte pelo telefone. Chorei como se as lágrimas pudessem durar para sempre; ao fim de um longo tempo julguei que elas nunca mais deixariam de me correr. Mas as lágrimas terminam como tudo o resto, como a vida dos que amamos e nos fizeram, para o bem e para o mal, ser estes. Que me fizeram ser este.
A avó Joaquina, mãe da minha mãe. Teria feito 100 anos no princípio desta semana. Teríamos celebrado com um bolo de chantilly e três velas se aquele telefonema não tivesse existido ou eu não o tivesse atendido – pergunto-me bastas vezes se fiz bem em fazê-lo, se porventura poderia ter evitado a sua morte se o preferisse ter ignorado, se não lhe tivesse dado importância. A partir daí mantive-o em silêncio. Na maior parte das vezes, quanto muito, vibra sem tocar.
Foi, num certo sentido, a mulher da minha vida.
Tinha a quarta classe mal tirada. Nascera nas Mouriscas, terra de Abrantes, e aprender a ler e contar era menos importante do que fazer-se à vida. Aprendeu a costurar numa máquina com um pedal, fazia soutiens que depois levava ao patrão. Recordo-me bem. Apanhávamos o 9 em Campo de Ourique, descíamos à Estrela, passávamos pelo Largo do Rato, descíamos ao Marquês de Pombal e atravessávamos a Avenida da Liberdade até alcançar os Restauradores. O patrão trabalhava aí, num prédio alto ao lado do Hotel Avenida, subíamos vários andares num elevador que imaginei num filme de Orson Welles. As meninas faziam-me uma festa enquanto o patrão recebia os soutiens e lhe dava notas em troca. A avó guardava-as no seu porta-moedas. Fazíamos o caminho de volta. Nunca mais haveria de ser tão feliz. Só que não o sabia.
O cheiro do pastelão de ovos ou do frango de fricassé. Tantas vezes ainda o sinto, como se ela tivesse regressado de uma longa viagem, estivesse na cozinha e me fosse outra vez chamar para vir para a mesa.
Chamava-me Miguel. Como toda a família que já existia antes de mim; assim me reconhecia. Após a sua partida, e da morte de minha mãe, passei a ser outro nome, o Miguel deixou de existir.
Levava-me um pão embrulhado num pano ao recreio da escola primária. E acordava-me nas manhãs com um pequeno-almoço que me pousava na cama. Aos fins-de-semana comprava-me o jornal desportivo e nunca se esquecia de me despertar com um beijinho. Quando comecei a sair era com o seu dinheiro – de três em três meses oferecia-me mil escudos que gastava religiosamente em livros e numas cervejas.
A primeira vez que me apaixonei foi ela quem me deu o dinheiro para o jantar. E no rescaldo da tragédia foi ela a tranquilizar-me. A menina achava-me graça mas não a suficiente. Convenceu-me então que os grandes amores ainda estavam para vir. Assim como os grandes projectos.
Morreu a 13 de Setembro de 2000. E o funeral celebrou-se no dia em que fiz 29 anos. Na semana anterior quis ver-me, tinha coisas para serem ditas, não desejava ir embora sem mas dizer. Ouvi-a. Informou-me que não ia durar muito, estava cansada e, mais do que nunca, a sua cabeça estava cheia de imagens de infância, como se sentisse que já não pertencia a este tempo, mas a outro que não entendia bem. Não mo disse nestas palavras, interpretei-as assim e quando as recordo é assim que as recordo.
Queria despedir-se. Dizer-me que guardara para mim o dinheiro que juntara na sua vida. Para mim, para a Zé e para o André que acabara de fazer dois anos. Deu-me o seu porta-moedas. Dentro dele estavam vinte contos: a maior fortuna que poderia ambicionar. Guardei-o como a mais preciosa das jóias. A única coisa que verdadeiramente me pertence, que sinto me pertence.
A avó faria 100 anos.
Não assistiu à morte dos seus dois filhos. Não viu nascer o irmão do André, o meu segundo a quem baptizámos de Miguel em homenagem ao amor incondicional que sentia por mim. Não me viu em divórcios, o que lhe teria sido pesado.
Uma mulher extraordinária. Que me ensinou o valor das coisas que não se têm de dizer. Que se sacrificou por mim como se a sua vida não fosse importante, só a minha. Por isso, cada coisa que faço, penso ou sinto é nela que esbarro – no que não comeu para que eu comesse, no que não viveu para que eu vivesse, no que não sentiu para que eu sentisse.
Um dia, num livro de pensamentos, escrevi: «Uma família empurrava um carro em plena avenida – já não lhes bastava a crise, as arrelias e o preço da gasolina, agora também o motor. Há alturas em que um pequeno problema, somado a um mundo de outras angústias, é capaz de desencadear uma tempestade perfeita. A imagem fez-me regressar a uma madrugada em que, numa esquina perigosa, empurrei um automóvel com a avó Joaquina lá dentro. É a ela que volto quando alguém empurra carros em pequenas ruas ou largas avenidas. Nunca perco a oportunidade de olhar lá para dentro – as pessoas não imaginam que procuro o sorriso de uma avó de quem tenho tantas saudades».
É isso, só isso. O resto é silêncio. Por vezes, ruidoso. Noutras, um mar calmo.
in http://ospontosdevista.blogs.sapo.pt/luis-osorio-a-mulher-da-minha-vida-780295
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